quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Nem a internet consegue desbancar o telefone na hora de pedir voto


Maria Clara Prates - Estado de Minas
Publicação: 11/08/2010 06:22 Atualização: 11/08/2010 07:21
Mesmo na onda de redes sociais como o Twitter – transformado em um importante instrumento de comunicação nestas eleições –, candidatos dos mais diversos partidos e ideologias não abrem mão do velho telemarketing, que, desde a semana passada, tem sido empregado para garantir mais fôlego às campanhas, da Presidência da República à Câmara dos Deputados. Para tentar evitar a ira dos cidadãos, alguns avessos à abordagem por telefone, o serviço está sendo oferecido em diferentes embalagens. Elas vão desde a simples colocação de uma gravação depois de atender o telefone, como optou o ex-governador Aécio Neves (PSDB), candidato ao Senado, e o governador Antônio Anastasia, que disputa a reeleição, até a apresentação de um questionário, como faz o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB), que tenta novamente a vaga.

Até Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência, admite ter lançado mão da publicidade pelo telefone. Ainda em fase de teste, o primeiro tipo de abordagem adotado pela campanha petista é o convite ao eleitor para participar de eventos públicos pró-Dilma, em locais ou cidades próximos à sua casa. Somente depois disso pode haver o pedido expresso de voto na candidata. Os resultados do telemarketing, segundo as primeiras avaliações, foram satisfatórios.

Mas o alto custo da ferramenta de comunicação traz preocupação. De acordo com o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), a cada ligação para um potencial eleitor é preciso desembolsar entre R$ 0,12 a R$ 0,18. “Até agora, a campanha petista já gastou R$ 120 mil com o telemarketing. Mas é um método muito caro. É preciso calcular melhor, receber as receitas para ver se é possível, se é viável ligar para todos os eleitores”, explica Vargas.

Custo

Na mesma linha de Rousseff, sob a alegação de falta de recursos, o senador Hélio Costa (PMDB), candidato ao governo de Minas, segue na direção contrária e afirma que optou por não usar a ferramenta em razão do alto custo. Segundo a assessoria de imprensa de sua campanha, somente por esse serviço seria cobrado o valor de R$ 3 milhões. “Como pagar esse valor, se arrecadamos, até agora, apenas R$ 2,2 milhões”, afirma um assessor próximo a Costa, que ressalta: “Ele gosta mesmo é da campanha beija-flor. Indo de um por um de seus eleitores”.

O deputado federal Leonardo Quintão confirma o alto custo da ferramenta de comunicação, mas diz que compensa, diante do preço elevado também de se manter cabos eleitorais nas ruas. “Eu mesmo faço até 70 ligações por dia para falar com os eleitores. E não peço voto apenas, pergunto a eles como resolver alguns problemas do seu cotidiano”, diz.

Para não irritar o eleitor, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), candidato ao Senado, evitou as gravações. Para essa abordagem foi montada um call center, com atendentes que fazem o primeiro contato. Segundo a assessoria de imprensa, elas perguntam se o pretenso eleitor gostaria de falar um pouco sobre política e ouvir uma mensagem de Pimentel. Somente em caso afirmativo a gravação é colocada para o ouvinte. De acordo com o consultor em marketing político e governamental Rodrigo Flausino, de fato o Twitter e as rede sociais são poderosos instrumentos para as campanhas, mas muitos políticos ainda não se deram conta disso. Assim, o negócio é lançar mão do telemarketing, “que é, sem dúvida, uma arma poderosa, sendo bem planejada e usada. Agora, simplesmente por desconhecerem o poder que as redes sociais possuem”.

Flausino ressalta a importância da internet no debate eleitoral, mas o mal uso da ferramenta traz problemas. “No Twitter, por exemplo, vemos candidatos carrancudos na vida real pousarem como despojados, alegres, em uma tentativa quase ridícula de usar a linguagem dessa rede social. O eleitor que usa essas ferramentas para se informar, com certeza, possui uma consciência crítica elevada, então, o tiro pode sair pela culatra”, afirma. O consultor diz também que “o telemarketing bem planejado faz um casamento perfeito com uma rede social também bem planejada. Bem explorado, pode alavancar uma candidatura. Mas é lógico que ninguém quer ouvir uma mensagem fria e sem emoção. Eleitor vota mais com o coração do que com a cabeça”.

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