quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Juíza: escuta descobre que PM queria fugir do BEP

Investigação

Vera Araújo (varaujo@oglobo.com.br)

RIO - Uma interceptação telefônica dentro do Batalhão Especial Prisional (BEP) foi o estopim para a transferência dos três PMs acusados do assassinato da juíza Patrícia Acioli, que estavam presos lá, para diferentes unidades de detenção. Na gravação, um dos PMs comentou com outra pessoa, por telefone, que seria fácil fugir do BEP. A descoberta fez com que o Ministério Público pedisse a transferência imediata do tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes e dos cabos Sérgio Costa Júnior e Jefferson de Araújo Miranda da unidade, destinada a receber PMs.
Benitez foi transferido para Bangu 8; Jefferson está na Divisão Antissequestro (DAS), no Leblon; e Júnior ficou na Divisão de Homicídios (DH), na Barra, responsável pela investigação do caso. A prisão temporária deles, em decorrência da acusação do assassinato da juíza, foi decretada há 11 dias, mas os três já se encontravam presos no BEP por decisão da própria Patrícia Acioli, no dia em que ela foi morta, no fim da noite de 11 de agosto.
A preocupação dos promotores do caso Patrícia Acioli tem fundamento. Em 2 de setembro passado, o ex-PM Carlos Ari Ribeiro, que responde a 12 processos por homicídio, fugiu do BEP em circunstâncias ainda não esclarecidas. Um capitão, que estava de plantão no dia da fuga, chegou a ser detido. Na ocasião, o corregedor da PM, coronel Ronaldo Menezes, disse que supostamente houve favorecimento, mas o caso ainda está sendo investigado. Como mostra nesta quinta-feira uma reportagem do jornal "Extra", em setembro do ano passado, Carlos Ari fez uma festa no BEP, com bolas de encher, doces e até uísque, para comemorar o aniversário de um dos filhos.
Desde que o BEP foi inaugurado, há cerca de sete anos, houve oito fugas. Apesar de ser uma cadeia destinada a PMs da ativa, o BEP abriga hoje oito ex-PMs. Carlos Ari estava lá por força de uma liminar da Justiça.
A advogada Alzira de Castro Garcia pediu à Justiça a transferência do cabo Júnior da DH para uma unidade militar. No pedido, ela argumenta que não há carceragem na DH e que seu cliente está num cômodo em más condições.
Patrulhas suspeitas estão sendo investigadas
O GLOBO revelou na quarta-feira que a DH está investigando a movimentação suspeita de duas patrulhas do 12ª BPM (Niterói) na noite do assassinato da juíza . Os dois veículos, nos quais estavam seis PMs, foram rastreados pelo sistema GPS na noite do crime (11 de agosto) até a madrugada do dia seguinte. Segundo o comandante em exercício do 12º BPM, tenente-coronel Washington Freire, a denúncia já foi enviada à Corregedoria da Polícia Militar. A DH investiga a participação de mais policiais.
- Como o caso envolve o nosso quartel e o 7º BPM (São Gonçalo), é provável que a investigação fique a cargo da própria corregedoria. Vamos colaborar com o que for possível - disse o oficial.

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