Investigação
Vera Araújo (varaujo@oglobo.com.br)
RIO - Uma interceptação telefônica dentro do Batalhão Especial
Prisional (BEP) foi o estopim para a transferência dos três PMs acusados
do assassinato da juíza Patrícia Acioli, que estavam presos lá, para
diferentes unidades de detenção. Na gravação, um dos PMs comentou com
outra pessoa, por telefone, que seria fácil fugir do BEP. A descoberta
fez com que o Ministério Público pedisse a transferência imediata do
tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes e dos cabos Sérgio Costa Júnior e
Jefferson de Araújo Miranda da unidade, destinada a receber PMs.
Benitez foi transferido para Bangu 8; Jefferson está na Divisão
Antissequestro (DAS), no Leblon; e Júnior ficou na Divisão de Homicídios
(DH), na Barra, responsável pela investigação do caso. A prisão
temporária deles, em decorrência da acusação do assassinato da juíza,
foi decretada há 11 dias, mas os três já se encontravam presos no BEP
por decisão da própria Patrícia Acioli, no dia em que ela foi morta, no
fim da noite de 11 de agosto.
A preocupação dos promotores do caso Patrícia Acioli tem
fundamento. Em 2 de setembro passado, o ex-PM Carlos Ari Ribeiro, que
responde a 12 processos por homicídio, fugiu do BEP em circunstâncias
ainda não esclarecidas. Um capitão, que estava de plantão no dia da
fuga, chegou a ser detido. Na ocasião, o corregedor da PM, coronel
Ronaldo Menezes, disse que supostamente houve favorecimento, mas o caso
ainda está sendo investigado. Como mostra nesta quinta-feira uma
reportagem do jornal "Extra", em setembro do ano passado, Carlos Ari fez
uma festa no BEP, com bolas de encher, doces e até uísque, para
comemorar o aniversário de um dos filhos.
Desde que o BEP foi inaugurado, há cerca de sete anos, houve
oito fugas. Apesar de ser uma cadeia destinada a PMs da ativa, o BEP
abriga hoje oito ex-PMs. Carlos Ari estava lá por força de uma liminar
da Justiça.
A advogada Alzira de Castro Garcia pediu à Justiça a
transferência do cabo Júnior da DH para uma unidade militar. No pedido,
ela argumenta que não há carceragem na DH e que seu cliente está num
cômodo em más condições.
Patrulhas suspeitas estão sendo investigadas
O GLOBO revelou na quarta-feira que
a DH está investigando a movimentação suspeita de duas patrulhas do 12ª BPM (Niterói) na noite do assassinato da juíza
. Os dois veículos, nos quais estavam seis PMs, foram rastreados pelo
sistema GPS na noite do crime (11 de agosto) até a madrugada do dia
seguinte. Segundo o comandante em exercício do 12º BPM, tenente-coronel
Washington Freire, a denúncia já foi enviada à Corregedoria da Polícia
Militar. A DH investiga a participação de mais policiais.
- Como o caso envolve o nosso quartel e o 7º BPM (São Gonçalo), é
provável que a investigação fique a cargo da própria corregedoria.
Vamos colaborar com o que for possível - disse o oficial.
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