quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Suprema Corte rejeitou último recurso de suspensão da polêmica execução. Davis foi condenado à morte pelo assassinato de um policial em 1989.

Estado norte-americano da Geórgia executa o condenado Troy Davis

Do G1, com agências internacionais
O estado norte-americano da Geórgia executou nesta quarta-feira (21) o condenado à morte Troy Davis.
Troy Davis em foto divulgada pelas autoridades (Foto: AP) O caso chamou a atenção internacionalmente após as reclamações de seus advogados de que as provas contra ele eram falsas e enganosas.
Davis, que é negro, foi condenado à morte por injeção letal pelo assassinato, em 1989, de um policial branco.
A Suprema Corte do Condado da Geórgia, no sudeste dos EUA, também havia rejeitado no mesmo dia um recurso apresentado pela defesa.



Troy Davis, em foto divulgada pelas
autoridades (Foto: AP)



Mulher chora no chão comemorando após saber do adiamento da execução de Davis nesta quarta (21), em frente ao presídio de Jackson (Foto: Tami Chappell/Reuters)Mulher chora no chão comemorando após saber do adiamento da execução de Davis nesta quarta (21), em frente ao presídio de Jackson (Foto: Tami Chappell/Reuters)
Barack ObamaO presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se recusou a intervir para impedir a execução de Troy Davis, informou seu porta-voz Jay Carney, destacando que o caso diz respeito ao estado da Geórgia e não ao poder federal.
"Obama tem trabalhado para garantir eficiência e justiça no sistema judiciário, especialmente nos casos de pena capital, mas não é apropriado que o presidente dos Estados Unidos se envolva em casos específicos como este, que são da justiça estadual", destacou Jay Carney.
À espera da sentença
No corredor da morte há 20 anos pelo assassinato do policial branco Mark MacPhail, Davis foi condenado à pena capital após um processo repleto de vícios judiciais que apresentaram dúvidas sólidas sobre a inocência do culpado.
Manifestantes contrários à pena de morte comemoram do lado de fora da Casa Branca, onde protestavam contra a execução de Davis (Foto: AFPPa)Manifestantes contrários à pena de morte
comemoram do lado de fora da Casa Branca, onde
protestavam contra a execução de Davis (Foto: AFP)
Apresentado por seus defensores como o exemplo do negro condenado injustamente, Troy Davis recebeu o apoio de personalidades como o ex-presidente americano Jimmy Carter, o papa Bento XVI ou a atriz Susan Sarandon e centenas de manifestações pedindo o indulto foram realizadas em todo o mundo.
Contradições
A arma do crime pelo qual Davis é acusado nunca foi encontrada, e não foi registrada digital alguma nem traço de DNA no local do assassinato.
Desde que foi sentenciado, em 1991, sete das nove testemunhas civis se retrataram de suas declarações, alegando coerção ou intimidação por parte da polícia na obtenção dos testemunhos.
Até mesmo um membro do júri presente ao julgamento disse nos últimos anos que não estava certo de ter tomando a decisão correta, quando se soube que as testemunhas haviam caído em contradição.
Família do policialMas a família da vítima, o policial Mark MacPhail, insiste na culpa de Davis. "Nós somos as verdadeiras vítimas aqui", declarou na segunda-feira a viúva de MacPhail, Joan, em frente à sede do comitê de indultos em Atlanta, onde disse que ela e seus dois filhos assistirão à execução.
A filha do policial, Madison, de 24 anos, acrescentou, entre lágrimas: "Roubaram meu futuro. Coisas como o meu casamento. Em três anos terei três anos a mais do que o meu pai (quando ele morreu)".
Pouco depois do anúncio da decisão do comitê de indultos, várias organizações contrárias à pena de morte, que transformaram o caso de Davis em uma bandeira de sua luta contra esta punição, convocaram uma vigília em Atlanta para a noite desta terça-feira.
"Nós somos Troy Davis" e "Justiça liberta Troy Davis" diziam alguns cartazes que dezenas de pessoas exibiam na segunda-feira, quando o comitê de indultos da Geórgia, em Atlanta, ouviu pela última vez os advogados do condenado e os parentes da vítima.
Stephen Marsh, advogado de Davis, declarou à imprensa que acreditava ter "apresentado dúvidas substanciais neste caso".
"Em vista do nível de dúvida que existe, consideramos que uma execução é simplesmente inapropriada", afirmou.
Em 2008, o mesmo comitê havia negado clemência a Davis, mas desta vez há três integrantes novos.
Pena de morte
A Geórgia é um dos três estados do país onde o governador não tem autoridade para decidir pelo perdão ou comutar a pena de morte, procedimentos que são decididos pelo comitê de indultos. Desde 1976, este estado executou 51 pessoas e perdoou 7. A última vez foi em 2008, quando a pena de morte contra Samuel David Crowe foi comutada pela de prisão perpétua.
Execução no TexasLawrence Brewer, um americano de 44 anos membro do grupo racista Ku Klux Klan, também foi executado nesta quarta-feira (21), no Texas, pelo assassinato do negro James Byrd, anunciaram as autoridades penitenciárias estaduais.
A morte de Brewer foi confirmada às 18h21 local (20h21 Brasília), dois minutos após a aplicação da injeção letal na prisão de Huntsville.

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/09/estado-da-georgia-nos-eua-executa-troy-davis.html

Nenhum comentário: