segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Exercícios por um cérebro mais "sarado"

Exercitar a mente é tão importante quanto zelar pelo corpo; cuidados para manter o órgão ativo começam na infância

Lucas Prates
Aos 79 anos, Junia (ao centro) estuda para manter a mente ativa


JuniaA perda de memória é uma das reclamações mais frequentes entre pessoas com idade acima de 50 anos. A maioria teme que os “lapsos” sejam sinal de demência ou da doença de Alzheimer. Mas o que ocorre é que, à medida em que envelhecemos, a atividade do cérebro vai ficando mais lenta. Apesar da impossibilidade de prevermos quando a perda de memória vai acontecer, é possível adotar medidas simples para conservar e otimizar o funcionamento do órgão.
A neurologista Rosamaria Peixoto Guimarães ressalta que o cérebro tem uma capacidade ilimitada, mas que só utilizamos uma pequena parte dela.
“A memória depende de uma rede de comunicação. A estimulação, que deve começar ainda na infância, é muito importante. Um exemplo é a facilidade que as crianças têm de aprender idiomas, em comparação com adultos”, destaca a especialista.
Assim como a atividade física mantém o corpo forte, a mental conserva o intelecto ágil e perspicaz. Ler e estudar muito, fazer caminhos diferentes para o trabalho, andar de costas e aprender outras línguas são maneiras de exercitar o cérebro. Mas o bem-estar, a motivação e o desenvolvimento pessoal também são fundamentais, diz a neurologista.
Ela explica que o cérebro está sempre sujeito ao estilo de vida que o “dono” leva. Se a pessoa consome muita bebida alcoólica, por exemplo, pode não usufruir de todas as potencialidades do órgão. É que o álcool, como outras substâncias, destrói as células cerebrais.
Por isso, ter um estilo de vida saudável é fundamental. E ele está diretamente ligado à questão alimentar. Segundo a nutricionista Elisabete Chiari, pós-graduada em nutrição geriátrica, é preciso manter uma dieta rica em frutas e vegetais, que contêm antioxidantes –substâncias que protegem e sustentam as células cerebrais.
O ideal é comer três frutas diferentes durante o dia. Além disso, recomenda-se consumir peixe duas vezes por semana e duas castanhas por dia. “São alimentos ricos em ômega 3, que protege as membranas do cérebro”, destaca. Carne vermelha também deve ser ingerida pelo menos duas vezes por semana. O alimento é rico em vitamina B12, cuja falta pode causar demência.
Elisabete destaca ainda o azeite extravirgem, com acidez menor do que 0,5%. Adultos podem tomar duas colheres por dia e crianças, uma colher de chá. “Não há contra indicação”, diz a especialista.
Não é só o intelecto que deve ser trabalhado. A atividade corporal também é importante. Exercitar-se diariamente por cerca de meia hora pode melhorar a circulação do sangue para o cérebro.
É o que faz Junia Melo. Aos 79 anos, ela caminha na esteira por 30 minutos diários. Alimenta-se de forma correta e, sobretudo, trabalha. Junia dá aulas sobre a parte tecnológica de confecção, atividade que exerce desde os 13 anos. Além do português, fala, escreve e lê em inglês, francês e italiano. Nas férias, gosta de viajar, e pelo menos uma vez por ano vai para o exterior. “Meu trabalho exige uma atualização constante. Estou sempre estudando. Gosto muito do que faço. Talvez esse seja o segredo”, conta.


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