Autoridades seriam beneficiadas por quadrilha que explora o jogo do bicho e máquinas caça-níqueis
Reprodução/Internet
Frederico Arbex é apontado como responsável pelas propinas
Juízes e
coronéis da Polícia Militar são acusados de pertencer a uma quadrilha
que explora jogo do bicho e máquinas caça-níqueis em Minas Gerais. O Hoje em Dia mostrou,
na última terça-feira (17), com exclusividade, que o Ministério Público
Estadual e a Assembleia Legislativa de Minas colheram depoimento de um
policial militar, que denunciou o pagamento de propina à cúpula das Policias Civil e Militar. O suspeito de contravenção, Frederico Márcio
Arbex, seria o responsável por repassar o dinheiro. Em troca, os
policiais permitiam a continuidade da máfia do jogo do bicho.
Durante depoimento ao procurador do crime organizado, André Ubaldino, e a
deputados da Comissão de Direitos Humanos, o policial denunciante
afirma que o negócio contava com a participação de juízes. “O major
Prestes já falou para alguns oficiais que ele é influente, que tem
padrinhos, dois coronéis e juízes”, afirmou o militar, referindo-se ao
major Renato Prestes, apontado como um dos chefes do escândalo de
corrupção. O militar não cita o nome das autoridades.
Mas, em outro trecho do depoimento, ele diz que foi procurado pelo
contraventor Frederico Arbex, que lhe ofereceu propina e disse ser
“sócio do coronel Anselmo”. Na ocasião, o suspeito de contravenção teria
dito que promovia festas com “bebidas e mulheres” para os militares e
civis. Seria uma forma de “agraciar” os policiais que também recebiam,
semanalmente, dinheiro do jogo do bicho.
De perfil discreto, o acusado de contravenção, Frederico Arbex, não
aparecia nas orgias, supostamente promovidas em favor das autoridades.
“Ele (Frederico) não mencionou o local, e disse que só não frequentava
essas festas para não queimar os oficiais”, disse o policial. Arbex é
dono da boate de strip-tease Prime Club, em Juiz de Fora.
O coronel em questão é Anselmo Fernandes da Silva. Aposentado pela PM,
hoje, ele é diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana de
Juiz de Fora, comandada pelo prefeito Custódio Mattos (PSDB). De acordo
com a denúncia, o coronel assumiu a 4ª Região da PM em janeiro de 2009,
época em que ocorreu o esquema. Até o fim do ano passado, segundo a
acusação, os contraventores continuavam a pagar propina a autoridades.
Em Juiz de Fora, o juiz Murilo de Sá foi condenado pelo Conselho
Nacional de Justiça por suspeita de beneficiar, em decisões, uma
quadrilha que explora jogos de azar. O magistrado foi condenado à
disponibilidade compulsória. Na prática, vai continuar recebendo salário
de cerca de R$ 20 mil. No entanto, não mais irá trabalhar. A sentença
foi publicada há cerca de 15 dias, ocasião em que o juiz não foi
encontrado para se manifestar. Um segundo magistrado chegou a ser
denunciado por um promotor da cidade. A suspeita era a de que ele
recebia vantagens financeiras para beneficiar réus em processos. A
corregedoria do Tribunal de Justiça arquivou a denúncia, pois alegou que
não conseguiu juntar provas.
A Secretaria de Estado de Defesa Social, responsável tanto pela Polícia
Militar quanto pela Civil, informou que só se manifestará acerca dos
fatos após apuração do Ministério Público e da Assembleia Legislativa. O
Major Prestes negou envolvimento.Leia mais na Edição Eletrônica
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