terça-feira, 3 de abril de 2012

Minas Gerais tem mais motocicletas do que pilotos habilitados


O Estado tem 141 mil motos a mais que motoqueiros, diferença que faz aumentar risco de acidentes

Lucas Prates
Motos
Facilidade para comprar moto impulsionou venda do veículo no Estado

Veículo de transporte, ferramenta de trabalho ou, simplesmente, objeto de lazer. Minas Gerais é o único estado da região Sudeste com mais motos no trânsito do que pessoas habilitadas para conduzi-las. São 141.914 motocicletas a mais do que condutores na categoria “A”. O número é maior do que toda a frota de veículos de duas rodas do Distrito Federal, que tem 137.033.
No território mineiro há 1.728.104 motoqueiros, contra 1.870.018 motos, conforme dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). O embalo proporcionado pela facilidade da compra de um veículo mais barato do que o carro e mais rápido do que o ônibus favorece a condução de motocicletas sem que a pessoa tenha a habilitação específica para pilotar o veículo.
O resultado da imprudência e do atropelo às leis de trânsito se reflete em uma cena urbana já comum em Belo Horizonte: uma moto caída, com motoqueiros jogados pelo asfalto e o carro do Samu fazendo o resgate. Somente nos três primeiros meses deste ano, 1.809 motociclistas e garupas acidentados foram parar no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII. A média é de pelo menos 20 atendimentos por dia.
Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), que fez a mesma pesquisa recentemente, mas com dados de 2010, a situação preocupa.
“Sem o preparo ofertado pelo curso para a habilitação, o motociclista está sujeito a mais falhas de controle do veículo, maior negligência em relação aos equipamentos de segurança e a uma direção mais imprudente, acarretando em possíveis ocorrências”, afirma o diretor-executivo da Abraciclo, José Eduardo Gonçalves.
Muitas dessas tragédias urbanas poderiam ser evitadas se os motoqueiros respeitassem as leis e pilotassem de forma segura. A afirmação é do presidente da Associação Mineira de Medicina de Tráfego (Ammetra), Fábio Nascimento. Segundo ele, a diferença entre o número de motos e o de habilitados nas ruas agrava o risco de acidentes de trânsito. “São pessoas que estão infringindo a lei. Elas não estão aptas a pilotar aquela moto e, assim, colocam em risco a própria vida e a de outras pessoas”, avalia.
Conforme o presidente da Ammetra, a maioria dos infratores tem entre 18 e 25 anos e se aproveita das facilidades de compra do veículo de duas rodas para trabalhar como motoboy. “Existem casos de adolescentes de 17 anos dirigindo motos livremente, o que comprova que a fiscalização precisa ser mais eficiente para coibir esses abusos”, garante o médico. Segundo ele, a situação é pior no interior do Estado.
As palavras de Nascimento são confirmadas pelo presidente da Associação dos Motociclistas de Minas Gerais (Amo-MG), Edivaldo Cândido da Silva. Ele reconhece o problema e afirma que a situação é pior em cidades pequenas.
“Em Belo Horizonte e nos grandes municípios, a fiscalização é maior e as empresas que contratam profissionais como os motoboys se preocupam em ter pessoas qualificadas para a prestação do serviço”, diz Silva. Ele alega que a associação tem feito constantes campanhas de conscientização para evitar abusos por parte dos motociclistas.


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