quinta-feira, 31 de maio de 2012

Colesterol "bom" pode não ser tão benéfico ao organismo

Polêmica
Publicado no Jornal OTEMPO em 31/05/2012

GINA KOLATA
The New York Times
FOTO: STOCKXERTS
Bons hábitos. A prática de exercícios físicos é indicada para a redução dos índices de colesterol
Nova York, EUA. O nome é encorajador: HDL, o "bom" colesterol. Quanto mais tiver no sangue, menor o risco de doenças do coração. Então, aumentar os níveis de HDL deve ser bom para a saúde. Ou, pelo menos, era isso o que dizia a teoria.
Agora, porém, um novo estudo que utilizou informações genéticas de um poderoso banco de dados descobriu que aumentar os níveis de HDL pode não fazer diferença alguma ao risco de doenças do coração. Pessoas que herdaram genes que os dão - naturalmente - níveis elevados de HDL ao longo da vida não apresentam riscos menores de ter doenças do coração que pessoas que herdaram genes que proporcionam níveis mais baixos desse tipo de colesterol. Se o HDL fosse um tipo de agente protetor, as pessoas que herdaram os genes responsáveis por níveis mais altos desse indicador ao longo da vida deveriam apresentar chances menores de ter doenças do coração.
Pesquisadores não relacionados ao estudo, que foi publicano na revista científica "The Lancet", interpretaram os resultados como perturbadores e convincentes.
Atualmente, empresas farmacêuticas estão efetivamente desenvolvendo e testando medicamentos que aumentem os níveis do "colesterol bom", apesar de três destes estudos recentes terem falhado.
Pacientes que apresentam níveis baixos de HDL frequentemente recebem instruções médicas para tentar elevar o consumo desse tipo de colesterol a partir da prática de exercícios, de mudanças na dieta ou até a partir da ingestão de niacina - que aumentou o nível de HDL, mas não foi capaz de diminuir os riscos de doenças cardíacas em um estudo recente.
"Eu diria que a hipótese do HDL está na corda-bamba", afirma James Lemos, professor da Universidade Texas Southwestern, que não participou do estudo.
Volta. Michael Lauer, diretor da divisão de ciências cardiovasculares do Instituto Nacional do Coração, Pulmões e do Sangue, nos EUA, concorda. "O estudo mais recente nos indica que, quando se trata do HDL, a comunidade científica deveria considerar voltar à estaca zero, nesse caso, de volta ao laboratório", afirma Lauer, que também não tem relações com a pesquisa.
"Precisamos encorajar os cientistas que trabalham nos laboratórios para que tentem descobrir qual a verdadeira função do HDL nesse quebra-cabeça - o que exatamente ele indica".
Contudo, Steven Nissen, presidente de medicina cardiovascular na Cleveland Clinic, nos EUA, que está, atualmente, conduzindo estudos sobre medicamentos para aumentar os níveis de HDL, afirma que está esperançoso.
"O HDL é complexo. É possível que algum tipo de molécula de HDL possa, de fato, proteger contra doenças do coração".
Os autores do estudo enfatizaram que não estão questionando os resultados de outros pesquisas proeminentes que associaram os níveis de HDL ao risco de doenças cardíacas. Contudo, a relação pode não ser de causa e efeito.
Os pesquisadores também tiveram a oportunidade de elaborar uma hipótese para o funcionamento do HDL. A partir de estudos com camundongos e com células criadas em laboratório, eles propuseram que o HDL carrega o colesterol "ruim" para fora de artérias, onde ele causa problemas.
Traduzido por Luiza Andrade [/PE]

Nenhum comentário: