quarta-feira, 27 de junho de 2012

Apoio de brasiguaios a Franco constrange Dilma

De Mendoza, Argentina
O principal constrangimento político para a presidente Dilma Rousseff  no enfrentamento diplomático da crise no Paraguai é a posição de proprietários de terra de origem brasileira da região de fronteira com o País. Os chamados “brasiguaios”, que veem no presidente deposto, Fernando Lugo, um adversário que estimulava as invasõeses de terra, declaram apoio a Federico Franco, o substituto de Lugo empossado pelo congresso oposicionista, e pedem a Dilma que reconheça o novo governo.
O fato foi explorado por Franco em entrevista nesta terça (27). Ele apelou a Dilma que “consulte seus compatriotas” e reforcou que a posição do Brasil sempre foi de respeito à autodeterminação dos povos.
Por essa e outras razões, em Mendoza, onde Dilma é aguardada para a Cúpula do Mercosul, que acontecerá na sexta-feira, a presidente deve manter a postura já tradicional na diplomacia brasileira: nao tomar decisões individuais, mas apenas em bloco com Mercosul e Unasul, expressar repúdio à ruptura democrática, mas sem propor sanções duras demais, que afetem a população do País mais pobre da região.
A posição brasileira é bem mais moderada que as de Argentina e Venezuela, que reagiram de pronto ao impeachment de Lugo. Cristina Kirchner determinou a retirada imediata do embaixador argentino no Paraguai e anunciou que ele só regressaria com o restabelecimento da normalidade democrática. Chávez anunciou o corte de remessas de petróleo venezuelano – que representam 27% da energia do Paraguai.
O Brasil, no entanto, terá de encontrar uma fórmula de expressar aa comunidade regional sua reprovação aos acontecimentos recentes no Paraguai que nao seja recebida como tímida, nem tampouco demasiado dura. O desafio será colocado a presidente Dilma nesta sexta, quando o Brasil assume, pela décima primeira vez, a presidência pró-tempore do Mercosul, cargo que manterá pelos próximos seis meses.
Dilma chega no final da tarde desta quinta-feira na Argentina e participa, à noite, de jantar oferecido pela presidente Kirchner a todos os Chefes de  Estado reunidos em Mendoza, pólo turístico e vinícula do País, ao pé da Cordilheira dos Andes. O encontro será no imponente restaurante e vinícola Escorihuela Gascón, considerado um dos 50 melhores restaurantes do mundo.

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