De Mendoza, Argentina
O principal constrangimento político para a presidente Dilma
Rousseff no enfrentamento diplomático da crise no Paraguai é a posição
de proprietários de terra de origem brasileira da região de fronteira
com o País. Os chamados “brasiguaios”, que veem no presidente deposto,
Fernando Lugo, um adversário que estimulava as invasõeses de terra,
declaram apoio a Federico Franco, o substituto de Lugo empossado pelo
congresso oposicionista, e pedem a Dilma que reconheça o novo governo.
O fato foi explorado por Franco em entrevista nesta terça (27). Ele
apelou a Dilma que “consulte seus compatriotas” e reforcou que a posição
do Brasil sempre foi de respeito à autodeterminação dos povos.
Por essa e outras razões, em Mendoza, onde Dilma é aguardada para a
Cúpula do Mercosul, que acontecerá na sexta-feira, a presidente deve
manter a postura já tradicional na diplomacia brasileira: nao tomar
decisões individuais, mas apenas em bloco com Mercosul e Unasul,
expressar repúdio à ruptura democrática, mas sem propor sanções duras
demais, que afetem a população do País mais pobre da região.
A posição brasileira é bem mais moderada que as de Argentina e
Venezuela, que reagiram de pronto ao impeachment de Lugo. Cristina
Kirchner determinou a retirada imediata do embaixador argentino
no Paraguai e anunciou que ele só regressaria com o restabelecimento da
normalidade democrática. Chávez anunciou o corte de remessas de petróleo
venezuelano – que representam 27% da energia do Paraguai.
O Brasil, no entanto, terá de encontrar uma fórmula de expressar aa
comunidade regional sua reprovação aos acontecimentos recentes no
Paraguai que nao seja recebida como tímida, nem tampouco demasiado dura.
O desafio será colocado a presidente Dilma nesta sexta, quando o
Brasil assume, pela décima primeira vez, a presidência pró-tempore do
Mercosul, cargo que manterá pelos próximos seis meses.
Dilma chega no final da tarde desta quinta-feira na Argentina e
participa, à noite, de jantar oferecido pela presidente Kirchner a todos
os Chefes de Estado reunidos em Mendoza, pólo turístico e vinícula do
País, ao pé da Cordilheira dos Andes. O encontro será no imponente
restaurante e vinícola Escorihuela Gascón, considerado um dos 50
melhores restaurantes do mundo.
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