domingo, 3 de junho de 2012

"Detetives" caçam 35 mil veículos não pagos em BH

Bancos e financiadoras recorrem a escritórios especializados para recuperar o que os maus pagadores fazem de tudo para esconder

CARLOS ROBERTO
CALOTE
Escritórios especializados “caçam” carros de consumidores inadimplentes

A escalada do índice de inadimplência no financiamento de veículos, que ocorre há 16 meses e atingiu em abril desse ano 5,8%, o maior patamar da série histórica iniciada em 2000, conforme o Banco Central, aqueceu um nicho de mercado que faz tremer os maus pagadores. Profissionais que fazem um verdadeiro trabalho de “detetive” são contratados para identificar onde estão os veículos de consumidores inadimplentes que teimam em esconder os carros para não serem obrigados a devolvê-los aos bancos. Cerca de 25 mil motos e 10 mil automóveis estão sendo procurados por apenas uma empresa de Belo Horizonte especializada neste tipo de negócio.
Os inadimplentes usam de artimanhas diversas para driblar os credores, como deixar o carro na casa de amigos ou parentes para que não sejam encontrados por escritórios especializados em recuperar o bem não pago. Por sua vez, os “detetives” também dispõem de técnicas de investigação que, na maioria dos casos, culminam na identificação do automóvel ou motocicleta.
Os contatos telefônicos com o devedor são gravados e técnicas de abordagem são alvo de treinamento a cada três meses. Em casos mais extremos, motociclistas são contratados para saírem às ruas à procura dos veículos. Contatos com pessoas próximas do devedor são realizados no intuito de localizar o automóvel. Nessas horas, até mesmo matrimônios mal resolvidos servem de auxílio aos caçadores de carros não quitados.
“Tivemos um caso que, após longa procura pelo carro, a ex-mulher do devedor nos indicou sua localização”, relata o superintendente do grupo Barcelos, especializado na localização de veículos, Frederico Nacif.
“Qando se inicia a inadimplência, já começamos com o trabalho de identificação de endereços de parentes, telefones e possíveis locais onde o carro ou a moto podem ser deixados. Os devedores são muito bem informados, sabem que receberão a nossa visita, e existem aqueles que agem de má fé, por isso temos que nos preparar para sermos eficientes”, afirma a coordenadora de cobrança do grupo Barcelos, Manoela Cabral Rocha.
Ela observa que o movimento de alta da inadimplência veio acompanhado do calote prematuro. “Antes, a inadimplência começava na décima quinta parcela. Agora, na décima segunda”, diz. Pela percepção de Manoela Rocha, o perfil do devedor é majoritariamente formado por pessoas que não se programaram para assumir um financiamento de longo prazo. “Eles não percebem, quando contraem a dívida, que os gastos com o veículo não são só a parcela, mas tem manutenção, IPVA, estacionamento, combustível. Chega uma hora em que a conta não fecha”, diz.
Também é comum casos em que terceiros emprestam o nome para um amigo ou parente financiar o veículo e depois acabam com o nome sujo na praça e recebendo visitas de cobradores. A responsabilidade é de quem assina o financiamento. Além de Minas Gerais, o grupo atua também no Rio de Janeiro e no Distrito Federal, mas 80% dos casos estão concentrados na capital mineira. Por mês, são retomados cerca de 50 veículos. A empresa trabalha há 23 anos nesse tipo de serviço.
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