quarta-feira, 13 de junho de 2012

Falta de provas mantém PM que matou família fora da cadeia

Marcos Antônio, indiciado por duplo homicídio e lesão corporal, deve continuar trabalhando na corporação, segundo advogado
REPRODUÇÃO TV RECORD
PM
Marcos Antônio foi indiciado por duplo homicídio e lesão corporal

O títular da Delegacia de Homicídios de Ribeirão das Neves, Marcio Rocha, disse que ainda não tem elementos suficientes para pedir a prisão preventiva do policial militar Marcos Antônio Alves de Lima, de 45 anos, suspeito de assassinar a mulher e a filha, de 13 anos, mesmo tendo ele confessado o crime.
"Ainda não há elementos suficientes que possam fortelecer o pedido de prisão preventiva. Falta ouvir testemunhas e alguns familiares e receber a conclusão dos laudos", contou o delegado. A expectativa é que a filha de 16 anos do casal, que também foi baleada pelo militar, e irmãs das vítimas sejam ouvidas nesta quarta-feira (13). A adolescente continua internada no CTI do Hospital Risoleta Neves.
O crime ocorreu no último domingo (10), mas Marcos Antônio só se entregou à polícia na noite de terça-feira (12). Na ocasião, ele foi ouvido e liberado após confessar que matou a companheira Rosângela Alves Ferreira, de 40 anos, e a filha, Raíssa Alves de Lima, na casa da família.
"O cabo foi liberado pois já havia se passado mais de 48 horas do crime, o que não configura flagrante. Também não havia mandado de prisão expedido no nome dele", explicou Rocha.
Segundo o advogado Júlio César Santos, o "Cabo Júlio", responsável pela defesa de Marcos Antônio, o cliente dele sofreu um surto quando cometeu os crimes. "Ele não aceitava o fato de o enteado de 19 anos ser foragido da Justiça, por crimes como furto e tráfico de drogas, e continuar frequentando a casa da família, já que ele é policial. Ele chegou em casa e brigou com a família após perceber que o rapaz havia estado na residência", revelou o advogado.
Cabo Júlio foi procurado no fim da tarde pelo colega de corporação, ao qual orientou que se apresentasse.  "Marcos é um pai de família, tinha 12 filhos e suava muito para sustentá-los. Nas horas vagas trabalhava até como lixeiro", conta o defensor. A defesa alega ainda que o cabo "perdeu a cabeça" e após o crime saiu andando e só teve consciência do que ocorreu após percorrer cerca de 50 quilômetros, chegando em Sete Lagoas, na região Central de Minas, com o sapato furado.”
No entanto, no dia do crime, a irmã de Rosângela contou que o policial teria matado a mulher e a filha por causa de uma conta de telefone que considerou alta - o valor seria de pouco mais de R$ 100. Descontrolado, ele cortou o fio do telefone e depois disparou contra a família.
Marcos Antônio, que foi indiciado por duplo homicídio e lesão corporal deve continuar trabalhando. " Um crime de natureza comum não pode atrapalhar o trabalho dele. Ele já trabalhava em funções internas na corporação e o que pode acontecer é ser transferido de função", alega o advogado. O tenente-coronel Idzel Fagundes, comandante do 34º Batalhão da Polícia Miltar, onde o militar é lotado, não foi localizado pela nossa reportagem para comentar as providências que serão tomadas no caso do policial.
As duas vítimas do PM foram enterradas ontem, no cemitério da Saudade, em Belo Horizonte. A casa onde a família vivia foi incendiada e a Polícia Civil está investigando se o incêndio foi criminoso.

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