25/06/2012 12h05
- Atualizado em
25/06/2012 13h33
Sugestão foi dada em bilhete escrito à mão pela educadora em Sumaré.
Estudante tem dificuldade de aprendizado e diz ser vítima de bullying.
Pais de um menino de 12 anos acusam uma professora de português de uma
escola municipal de Sumaré (SP) de sugerir o uso de 'cintadas' e
'varadas' como forma de educar o filho. Em um bilhete em papel timbrado
da Escola Municipal José de Anchieta, a educadora solicita que os pais
conversem com o aluno porque o garoto estaria tendo comportamento
inadequadro na sala de aula. Em observação escrita à mão, a professora
diz que, caso a conversa não resolvesse, a alternativa seria partir para
a agressão. "Quer conversar com o seu filho? Se a conversa não
resolver. Acho que umas cintada vai resolver (sic!)", escreve a
professora.
O texto tem erros de concordância verbal e termina com outra sugestão.
"Esqueça tudo o que esses psicólogos fajutos dizem e parta para as
'varadas'", completa o bilhete. A denúncia e a cópia do documento foram
enviadas para o VC no G1.
De acordo com os pais, o menino, que está na 5ª série do ensino
fundamental, tem dificuldade de aprendizado, diagnosticada há cerca de
dois anos.
Bilhete em que professora sugere que pais usem
cinta para educar aluno (Foto: Reprodução EPTV)
cinta para educar aluno (Foto: Reprodução EPTV)
O estudante iniciou tratamento com psiquiatras e psicólogos para
ajudá-lo nos estudos, o que, de acordo com o garoto, virou motivo de
perseguição da professora na sala de aula. "Ela fala que eu preciso
tomar remédio, que eu tinha problemas mentais e que nunca vou ser nada
na vida", relata o garoto. "Eu achei o bilhete um absurdo. Ela mandou
meus pais me agredirem e isso não é adequado para uma professora",
completa.
Depois de receberam o bilhete no começo deste mês, os pais decidiram
fazer uma reclamação formal à diretoria, mas a escola não se posicionou a
respeito até sexta-feira (22), de acordo com o pai do estudante.
"Chegou em um ponto absurdo. Ela (a professora) tem conturbado ainda
mais o andamento escolar dele, que já tem dificuldade de aprendizado. A
gente sempre soube que ele tinha dificuldade, mas ele sempre esteve lá,
estudando", diz o comerciante André Luis Ferreira Lima.
Os pais dizem que o filho é vítima de bullying. "Coisas que ela deveria
falar em um ambiente particular, ela fala em frente aos alunos. A
classe toda pega no pé dele, porque a própria professora fica o
ofendendo. Não é porque o aluno tem dificuldade que a professora pode
rebaixar alguém na sala de aula", conta André Lima. A mãe do garoto,
Lucineide Ferreira Lima, conta que o filho pediu para trocar de escola
por causa da postura da professora. "Se ele precisa de ajuda, não é com
'varadas' e 'cintadas' que eu vou fazer isso. A ajuda dos psicólogos e
psiquiatras tem sido boa, ele tem melhorado e se sentido bem. E é assim
que vamos educá-lo", defende a mãe.
Em nota, a supervisão da Secretaria Municipal de Educação de Sumaré diz
que a direção está tomando as providências administrativas sobre o
fato. De acordo com a direção da escola, "a professora enviou o bilhete
sem o conhecimento do grupo gestor da escola. A regra diz que todo
bilhete deve passar antes pela orientação ou coordenação".
Ainda em nota, a secretaria afirma que uma psicóloga conversou com
todos os professores da 5ª série, inclusive com a professora que enviou o
bilhete, mas alega que desde quinta-feira (21), a mãe do aluno não
retorna as ligações da escola. Os pais dizem que passaram todos os
números de telefone da família foram disponibilizados para o contato. O
aluno está frequentando as aulas normalmente. A professora também
continua lecionando e ainda não foi afastada da função.
O G1 tentou conversar com a educadora, mas ela não foi encontrada para falar sobre o assunto.
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