A forma que registramos as horas que passam nem sempre é tão absoluta quanto gostaríamos. Basta um governo - ou uma pessoa - para acabar com a nossa ilusão de que o tempo é confiável
Flávia Denise de Magalhães - Ragga
Samoa – No fim de 2011, Samoa, um pequeno país
situado na Polinésia, tomou uma decisão que chamou a atenção de todo o
mundo. Eles cancelaram o dia 30 de dezembro. O objetivo era se aproximar
do tempo da China e da Austrália, que estavam do outro lado da linha
internacional do dia (apesar de ser geograficamente próximos, cada país
estava oficialmente em um dia diferente, causando transtornos para
relações comerciais). Para entrar no tempo dos seus parceiros, foi
necessário cancelar um dia de 2011. Mas essa não foi a primeira fez que
fizeram isso. No começo do século 19, o país, que estava no tempo da
China, viveu um dia a mais para entrar no horário dos Estados Unidos,
seu principal parceiro comercial à época.
França
– Pouco depois da Revolução Francesa, em 1792, os revolucionários
decidiram abolir a divisão do tempo criada pela igreja romana. Usando o
sol como base, eles criaram o calendário revolucionário francês, que
dividia o ano em 12 meses de 30 dias, sendo que cada mês teria três
semanas de 10 dias. O dia foi divido em 10 “horas”, que teriam 100
“minutos”, com 100 “segundos” cada um (cada hora do novo calendário
seria o equivalente à 2h24 do tempo atual). Não precisa nem falar que
não deu certo, né? O sistema de horas nunca foi implantado e, em 1805,
Napoleão Bonaparte ordenou a volta do calendário gregoriano, que é
utilizado até hoje.
Vaticano – Samoa não
foi a primeira nação a decretar o fim de um dia. O Vaticano já tinha
feito algo semelhante em 1582, quando a população mundial perdeu 10 dias
– foram dormir no dia 4 e acordaram no dia 15 de outubro. Eles tiveram
que fazer isso porque, até então, o calendário em vigor era o Juliano,
que não contava com o ano bissexto. Sem o ajuste, o calendário foi
ficando seis horas atrasado por ano. Em 40 anos, isso significava 10
dias de atraso, ou seja, as estações não estavam alinhadas com os dias
do calendário. Para ajustar tudo, o calendário Gregoriano, que conta com
o ano bissexto, foi colocado em prática.
Internet - Não
existe fuso horário na internet. Com milhões de pessoas em diversos
países, não existe hora comercial para quem passa o dia todo on-line.
Para tentar organizar o tempo on-line, a fabricante de relógios Swatch
criou o projeto Swatch Internet Time (ou beat time) em 1998. Para eles, o
ideal seria dividir o dia em mil “beats” (cada um equivalente à
00:01:24) contados a partir de meia-noite. Ou seja, às 7h você falaria
que está no beat 291. Apesar de ter sido aplicado em relógios vendidos
pela empresa e alguns sites na época do seu lançamento, a proposta não
colou e hoje vive como uma anedota do dia em que uma empresa tentou
mudar o tempo.
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