quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sequestradores tinham envolvimento com tráfico e assaltos


Durante os momentos de tensão no apartamento, criminosos chegaram a brincar com as crianças

EUGENIO MORAES
Sequestro
Os suspeitos se entregaram por volta das 7h20 da manhã desta terça-feira

Os quatro homens e uma mulher detidos na manhã desta terça-feira (5), no bairro Fernão Dias, região Nordeste de Belo Horizonte, após manterem uma família de bancários refém por cerca de 13 horas, já tinham passagem pela polícia e estavam envolvidos com tráfico de drogas e assaltos no bairro Parque São João, em Contagem, na região metropolitana da capital mineira.
Os suspeitos foram identificados como Rosiel Vieira dos Santos, 31 anos, Robert Sampaio de Araújo, Flávio Júnior de Castro Tito, Dione Perpetuo Soares e V.F.N, de 17. O primeiro foi apontado pela polícia como o responsável por mediar as negociações e era o líder do grupo.
Segundo a Polícia Civil, ele ficou preso por quase 10 anos por roubos e estava livre há cerca de dois meses, quando conseguiu um benefício. Ainda de acordo com a polícia, Rosiel estaria ligado à outra quadrilha, presa em 2002, responsável pela morte de 21 pessoas.
Para a polícia, as investigações iniciais e os depoimentos apontam que os criminosos queriam aplicar o crime conhecido como "Golpe do Sapatinho" na família de bancários, com extorção mediante sequestro. Porém, os suspeitos alegam que o plano era assaltar o condomínio, fazendo um arrastão pelos apartamentos.


Libertação

A família foi libertada por volta das 7h20 desta terça. Os cinco criminosos se renderam, descarregaram as armas e acabaram detidos. Os políciais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) entraram no local e resgataram as vítimas, sem ferimentos, que foram atendidas no local pelo Samu e Corpo de Bombeiros.

Sequestro Libertação
Após receberem atendimento médico, vítimas foram encaminhadas para o Deoesp, onde prestaram esclarecimentos sobre o crime (Foto: Eugênio Moraes)

Os criminosos foram levados para Divisão de Operações Especiais (Deoesp). Com os suspeitos, a polícia apreendeu um revólver calibre 38 e uma pistola semiautomática. Os bancários Bruno e Mônica, além da babá, também estiveram no Deoesp para prestar esclarecimentos sobre o caso e deixaram o local sem falar com a imprensa. Agora, eles receberão um atendimento especial para pessoas vítimas deste tipo de crime.

Sequestro

O sequestro teve início por volta das 19 horas de segunda-feira (4). Dois dos suspeitos foram ao apartamento, vestidos com roupas da Polícia Civil, e informaram pelo interfone que precisavam vistoriar os computadores da residência. No momento, a babá estava apenas com as duas crianças no local. Ela se recusou a deixá-los entrar e, então, os outros três suspeitos - que ainda estavam fora do prédio - tentaram se juntar aos companheiros. Uma vizinha desconfiou da ação e acionou a polícia. Neste momento, o casal entrava no edifício e acabou abordado pelos criminosos.

Quando os policiais chegaram ao apartamento, o líder da quadrilha anunciou o sequestro e solicitou a presença do Gate para negociar a libertação dos reféns. Os bandidos colocaram lençóis nas janelas e varanda do apartamento a pedido dos policiais. A medida foi para evitar que as pessoas na rua pudessem ver a movimentação dentro do local e também para que os criminosos não acompanhassem o aparato policial montado do lado de fora.

O grupo, que estaria armado com uma pistola e um revólver, chegou a mandar um bilhete pela janela para o negociador do Gate, usando a bancária como escudo. No papel, um dos sequestradores teria escrito algumas exigências e ainda gritou pela janela que daria apenas 20 minutos para que tudo fosse cumprido ou a situação ia ficar ainda mais complicada.

Nos momentos de tensão enquanto a família era mantida refém, ao longo da madrugada, um dos criminosos chegou a brincar com as crianças para distraí-las.

Negociações

As negociações para a libertação dos reféns começaram por volta das 20 horas, mas a polícia não deu muitos detalhes sobre o processo. O grupo exigiu que os atiradores de elite que estavam posicionados no prédio fossem retirados. Policiais do Deoesp também acompanharam as negociações no local.

Sequestro Noite
Criminosos colocaram um lençol na varanda do apartamento tampando a visão e usaram a bancária como refém (Foto Toninho Almada)

Por volta de meia-noite, a filha mais velha do casal de bancários, de 4 anos, foi libertada. Ela foi retirada do apartamento com a ajuda de uma tia. A irmã, de 2 anos, saiu em seguida, com o auxílio do Corpo de Bombeiros.

Durante a madrugada, os sequestradores informaram que libertariam as vítimas pela manhã. Para garantir a integridade deles, foi solicitada a presença de três repórteres no interior do apartamento.

Segundo informações dos militares do Gate, as crianças estavam bem e foram encaminhadas para a casa de parentes. O casal de bancários e a empregada doméstica da família continuaram em poder dos sequestradores.

Os bandidos teriam exigido um carro para a fuga e a presença da Polícia Federal (PF) e da imprensa. Mas, em coletiva realizada próximo ao local, a PM descartou a possibilidade e afirmou que a PF não participaria da  ação.

Os quarteirões em volta do prédio, que fica na rua Democrata, ficaram isolados durante toda a operação. O edifício, de cinco andares, também foi isolado. Quem estava nos apartamentos foi orientado a permanecer no local, e quem estava fora não pode  entrar.

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