quarta-feira, 6 de junho de 2012

Trio de canibais é indiciado por 3ª morte em Pernambuco

O grupo, que participa de uma seita, matou três mulheres e chegou a usar parte da carne humana para rechear coxinhas vendidas na cidade

Reprodução
canibalismo
Suspeitos teriam matado várias mulheres e ingeriam carne humana como processo de purificação
Protagonista de uma história marcada por requintes de canibalismo e crueldade, o trio formado por Jorge Beltrão Negromonte Silveira, de 50 anos, sua mulher Isabel Cristina Pires Silveira, 50, e sua amante Bruna Cristina Oliveira da Silva, 25 anos, foi indiciado nesta terça-feira (5) pelo homicídio de sua terceira vítima, Jéssica Camila da Silva Pereira, ocorrido em 26 de maio de 2008, no município metropolitano de Olinda (PE).
Jéssica era moradora de rua e foi convidada para morar com eles. Tinha, então, 17 anos e uma filha de um ano. O casal, que não tinha filhos, planejou ficar com a criança depois de matar sua mãe, o que foi feito. Em abril deste ano, os três foram acusados da morte de outras duas mulheres - com as mesmas características - em Garanhuns, no Agreste do Estado. Eles estão presos desde então. A criança está sob os cuidados do conselho tutelar.
O assassinato de Jéssica foi qualificado como motivo fútil, dificuldade de defesa da vítima, meio cruel, ocultação de cadáver e subtração de menor. De acordo com o delegado de Homicídios de Olinda, Paulo Berenguer, Jessica foi imobilizada no banheiro da casa, e em seguida levou um corte de faca na jugular. Todo o seu sangue foi retirado com a ajuda de um garrote. Depois, seu corpo foi esquartejado e a pele retirada. A carne foi fatiada e guardada na geladeira. No dia seguinte, foi ingerida grelhada, depois de temperada com sal e cominho. A criança também comeu da carne da mãe. O resto foi enterrado em forma de cruz no quintal.
Alguns fragmentos foram encontrados pela polícia: o omoplata, enterrado no chão do terraço, e falanges que foram emparedadas. Antes de se mudarem para a cidade de Conde, na Paraíba, eles jogaram no lixo o que havia sido enterrado. As falanges encontradas nos buracos de tijolos, depois de uma camada de cimento, estavam em bom estado de conservação e ajudaram os peritos da Polícia Científica a identificar o corpo de Jéssica, por meio de exame de DNA. Antes de ser descoberto em Garanhuns, o trio passou pela cidade de Conde, na Paraíba, e pelos municípios pernambucanos de Jaboatão dos Guararapes e Gravatá.
Os acusados dizem fazer parte da seita Cartel, que visa à purificação do mundo e o controle populacional - o que explica as vítimas do sexo feminino. A ingestão da carne faria parte do processo de purificação. Além de matar e comer a carne dos corpos de Giselly Helena da Silva, de 31 anos, e Alexandra Falcão da Silva, 20, mortas, respectivamente, em fevereiro e março deste ano, e enterradas na casa onde o trio residia no Bairro Petrópolis, em Garanhuns, Bruna revelou que eles chegaram a usar parte da carne humana para rechear coxinhas que ela vendia na cidade. A polícia não tem como comprovar o fato.
A partir de informações dadas por Jorge Beltrão - que disse ouvir as vozes de um anjo e um querubim, aos quais obedecia - o delegado de Homicídios afirmou que cada morte equivaleria a um aspecto - ar, terra, água e fogo. Uma quarta morte , segundo ele, encerraria o ciclo da seita, pois "seria aberto o portal para o acesso ao paraíso". A vítima já teria sido escolhida, em Garanhuns, mas eles foram presos antes.
O caso veio a público depois que parentes de Giselly Helena da Silva denunciaram o seu desaparecimento. Os suspeitos usaram o cartão de crédito da vítima em lojas de Garanhuns e foram localizados. O diretor geral de Operações da Polícia Civil, Osvaldo Moraes, descarta a possibilidade de outras mortes terem sido praticadas pelo trio em Pernambuco. O caso, agora, está na esfera judicial.

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