A polícia mineira está diante de um desafio: evitar que passem a agir em Minas os criminosos que fogem do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde as polícias têm mostrado alguma eficiência no combate aos que se organizam para o tráfico de drogas e para arrombar caixas eletrônicas dos bancos. Só este ano já foram registrados, em território mineiro, cerca de 150 desses arrombamentos, alguns com indícios de ser uma ação de quadrilhas experientes nesse tipo de crime.
O sucesso desses criminosos estimula outros a tentar esse ramo de atividade. Por imperícia, muitos fracassam, não conseguindo levar o dinheiro dos caixas e são presos durante ou logo após a tentativa. Mas não se pode concluir daí que a polícia esteja bem preparada para conter essa onda de crimes.
Também, os bancos não têm trabalhado para tornar mais seguros seus caixas eletrônicos. Eles parecem conformados com prejuízos eventuais, e sua reação mais evidente é desativar o caixa explodido, atendendo ao pedido de comerciantes e moradores vizinhos que se sentem ameaçados com a proximidade desses caixas visados pelos criminosos.
Os clientes dos bancos estão entre os maiores prejudicados. Convém lembrar: os caixas eletrônicos foram uma contrapartida à demissão de bancários, feita maciçamente na década de 1990, depois da introdução do real e do fim do lucro inflacionário. Os clientes passaram a fazer o trabalho dos caixas dos bancos e a maior parte dos guichês foi fechada nas agências. O cliente precisou aprender a lidar com a nova tecnologia, para sacar dinheiro e fazer pagamentos diversos, para não ter que enfrentar longas filas diante dos poucos guichês.
Agora que se inverteu o movimento de instalação de caixas eletrônicos nas ruas e no comércio, o que se espera é que aumente o número de funcionários para atender os clientes dentro das agências.
É também grave o aumento do tráfico de drogas em Minas, depois que a polícia do Rio de Janeiro instalou unidades pacificadoras em 144 favelas cariocas, acabando com o domínio dos traficantes.
O que se noticiou nesta semana sobre o domínio do tráfico no aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, serve de alerta às autoridades. E a denúncia do Ministério Público sobre uma organização criminosa de traficantes agindo numa pequena cidade do Norte de Minas, envolvendo o prefeito, parentes dele e a polícia local, reforça o alerta, por indicar que o tráfico no estado já se infiltrou na polícia e na política.

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