Norma foi parar na internet e muitos reclamam que falta auxílio a transporte
Ilustração: BLOG DA RENATA
JOANA SUAREZ - O TEMPO - FOTO: ALISSON GONTIJO
JOANA SUAREZ - O TEMPO - FOTO: ALISSON GONTIJO
Hábito. Policiais militares pegam carona em caminhão na BR-040, na saída
para o Rio de Janeiro, classe reclama de falta de auxílio
Nas
principais rodovias mineiras, principalmente ao redor da capital, é
comum ver militares fardados pedindo carona. Apesar de ter virado uma
prática comum ao longo dos anos, segundo a Polícia Militar, isso é
proibido. Agora, pela primeira vez, o Corpo de Bombeiros também quer
coibir o ato. Na última sexta-feira, o comando da corporação enviou
memorando aos batalhões, no qual recomenda ao bombeiro fardado "não
solicitar ou exigir carona, especialmente, nas rodovias".
O documento é semelhante à
orientação feita aos subordinados pelo comandante da Polícia Militar em
Barbacena, no Campo das Vertentes, coronel Ricardo Calixto, no ano
passado. Na PM, segundo o coronel, a medida tem força de ordem e deve
ser seguida por toda corporação. Quem descumprir fica sujeito a punição.
"Queremos evitar a exposição do policial. Ele se põe em risco ao pedir
carona para qualquer pessoa na estrada", explicou.
Na ordem repassada aos policiais,
o comando da corporação em Barbacena determina "adoção de medidas
disciplinares pertinentes, nos casos de descumprimento". A assessoria de
imprensa da corporação informou que a norma vale para todo Estado.
Ontem, no entanto, a reportagem de O TEMPO flagrou policiais fardados pegando carona na BR-040, na saída da capital e no sentido Rio de Janeiro.
Apesar de no documento o comando
do Corpo de Bombeiros também destacar que o descumprimento do memorando
poderá acarretar sanções administrativas, o assessor de imprensa da
corporação, Frederico Pascoal, disse que se trata apenas de uma
recomendação. "Podem ocorrer casos de abuso de autoridade, como
militares que passem a exigir a carona.
Queremos evitar esse tipo de conduta", justificou.
Entre bombeiros e policiais, as
recomendações têm sido motivo de muita reclamação. Publicado numa página
do Facebook, o memorando 1.085/12 rendeu muitos comentários entre os
internautas. "Vexatório é o salário que o Estado paga ao servidor e que
não possibilita a ele adquirir um veículo próprio", dizia um deles.
Para policiais e bombeiros, a
carona é uma prática inofensiva e necessária. Eles alegam que precisam
recorrer a ela para se deslocar para o trabalho em outra cidade, já que o
Estado não paga o transporte dos militares que são transferidos. "Não
obrigamos ninguém a nos dar carona. Só a nossa segurança é que está em
jogo, mas é uma opção nossa", disse um bombeiro, que pediu o anonimato.
Com um piso mensal de R$ 2.245,
os militares contam que, quando são deslocados para outra cidade,
recebem um salário mínimo para ajudar na mudança. Porém, muitos
continuam morando no município de origem e precisam se deslocar
diariamente.
É bastante comum ver policiais e
bombeiros nas saídas das cidades. Na BR-040, sentido Rio de Janeiro, a
maioria está a caminho de Barbacena, Juiz de Fora e Muriaé, ambas na
Zona da Mata. Eles costumam pegar carona com caminhoneiros e em ônibus.
O procedimento, segundo assessor
de imprensa dos bombeiros, pode ser utilizado em situações ilícitas,
como uma pessoa que leva drogas no carro e dá carona para o policial no
intuito de não levantar suspeitas caso seja parado em uma blitz.
Entidade vai tentar a revogação
A Associação
de Praças Policiais e Bombeiros Militares (Aspra-MG) vai pedir ao
comando geral do Corpo de Bombeiros a revogação do memorando 1.085/12.
"Queremos que a ordem seja reavaliada porque ela fere o direito do
militar", afirmou o coordenador da comissão de Cidadania e Direitos
Humanos da Aspra, subtenente Luiz Gonzaga.
Segundo ele, até 2002, a carona
era proibida pelo regulamento da corporação. A partir de uma mudança na
legislação, a tropa conseguiu derrubar o termo que considerava a prática
falta disciplinar. "Agora, os comandos estão buscando uma forma para
punir esse procedimento, mas não vamos aceitar".
O coronel Ricardo Calixto,
comandante da PM em Barbacena, confirmou que houve mudança no
regulamento, mas, segundo ele, a carona pode ser enquadrada em outros
artigos como atentar contra a imagem da polícia. "Continua sendo
passível de punição".
FAC-SÍMILE
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