28/08/2012 10h06
- Atualizado em
28/08/2012 11h13
Vencedor do Pulitzer, Malcolm Browne já fora baleado 3 vezes em conflitos.
Ver monge imóvel pegando fogo vivo gerou reação do presidente Kennedy.
O fotógrafo Malcolm W. Browne, ex-correspondente de guerras pela
agência Associated Press e pelo jornal "The New York Times", faleceu
nesta segunda-feira (27) em um hospital de New Hampshire. Ele foi o
autor da fotografia icônica de um monge em chamas no centro de Saigon
(Vietnã) em 1963, que fez a Casa Branca reavaliar criticamente sua
política frente ao país asiático.
Retrato de Malcolm Browne em fevereiro de 1965
(Foto: AP)
(Foto: AP)
A morte foi anunciada pela esposa de Browne, Le Lieu. Eles moravam não
muito longe do hospital, em uma casa em Thetford, no estado americano de
Vermont. O casal se conheceu em Saigon.
O fotógrafo foi diagnosticado com mal de Parkinson no ano 2000 e passou
seus últimos anos andando com a ajuda de uma cadeira de rodas. Ele foi
levado de ambulância ao hospital na segunda após ter dificuldades para
respirar, segundo Le Lieu, e faleceu pouco depois.
Nascido em Nova York em 17 de abril de 1931, Browne passou cerca de 30
anos de suas quatro décadas de carreira trabalhando para o periódico
americano "The New York Times", grande parte desse tempo em zonas de
guerra.
Ele sobreviveu após ser alvejado três vezes em conflitos, expulso de
seis países diferentes e ter seu nome incluído em uma "lista de morte"
em Saigon.
Browne foi agraciado com o Pulitzer por sua cobertura no Vietnã em 1964. À época, ele trabalhava para a Associated Press.
Foto histórica
A Guerra do Vietnã teve início depois que um golpe de estado tirou do poder o presidente Ngo Dinh Diem, do Vietnã do Sul. O golpe teve o apoio subentendido dos EUA por conta de uma mudança da política americana para com o Vietnã, e as fotografias do monge em chamas feita por Browne teriam influenciado nisso.
A Guerra do Vietnã teve início depois que um golpe de estado tirou do poder o presidente Ngo Dinh Diem, do Vietnã do Sul. O golpe teve o apoio subentendido dos EUA por conta de uma mudança da política americana para com o Vietnã, e as fotografias do monge em chamas feita por Browne teriam influenciado nisso.
Durante a cobertura em Saigon, diversos repórteres ocidentais foram
alertados sobre um monge budista que pretendia atear fogo a si mesmo em
praça pública em protesto contra o regime de Diem, que era
pró-Catolicismo. Mas apenas Browne acreditou no aviso e foi ao local
cobrir o ocorrido.
A imagem do monge em chamas registrada por Browne gerou repercussão em todo o mundo (Foto: Malcolm Browne/AP/Arquivo)
Imagem chegou a ser usada na capa do primeiro
álbum da banda americana Rage Aganist The
Machine (Foto: Divulgação)
álbum da banda americana Rage Aganist The
Machine (Foto: Divulgação)
O monge, Thich Quang Duc, se manteve imóvel após se banhar em
combustível de aviação e acender o corpo com fogo. As fotos de Browne
ganharam a primeira página de jornais em todo o mundo, chamando atenção
para a situação no Vietnã.
Segundo o então recém-nomeado embaixador dos EUA em Saigon, Henry Cabot
Lodge, o presidente John F. Kennedy lhe confidenciou à época que estava
"chocado" com as imagens nos jornais e que "precisamos fazer algo sobre
esse regime". Lodge falou sobre o assunto em uma entrevista para a AP
em 1998.
A situação deu início à rebelião e posterior deposição e morte de Ngo
Dinh Diem. A imagem do monge em chamas foi uma das primeiras a se tornar
icônica na Guerra do Vietnã.
O
fotógrafo posa com a imagem de sua autoria após receber prêmio do World
Press Photo de 1963 em Haia, Holanda (Foto: AP/Arquivo)
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