terça-feira, 21 de agosto de 2012

B.H - Rodoviária ganha projeto mais enxuto e terá um ano de atraso

Se não tiver novo atraso, prédio será inaugurado apenas no início de 2014
Publicado no Jornal OTEMPO em 21/08/2012

LUCIENE CÂMARA
FOTO: BHTRANS/DIVULGAÇÃO
Como será. Na imagem, previsão de como ficará a fachada do novo terminal rodoviário da capital; obra deve começar no mês que vem
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O grandioso projeto do novo Terminal Rodoviário de Belo Horizonte vai ficar mais enxuto e chegará com atraso. O anúncio foi feito ontem pelo prefeito Marcio Lacerda e pelo presidente da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), Ramon Victor César. Ficam de fora da obra a construção de um shopping, de um supermercado e de um hotel. Com isso, a área construída será reduzida, e o começo do funcionamento, antes marcado para o início de 2013, ficará para o primeiro semestre de 2014. As mudanças foram feitas para atrair investidores.
O novo terminal será construído atrás da estação BHBus São Gabriel, na região Nordeste. O projeto inicial previa um investimento de R$ 100 milhões para a construção, sem contar o gasto de R$ 35 milhões com desapropriações e remoções de famílias que vivem na área da futura rodoviária.
Agora, o valor para a retirada das famílias continua o mesmo, mas o custo da obra caiu pela metade, foi para R$ 50 milhões - a empresa ainda terá que pagar R$ 6,1 milhões para administrar o local por 30 anos e investir outros R$ 6 milhões em melhorias viárias no entorno do prédio.
A área construída, que era de 50 mil m², também mudou, foi para 35,5 mil m². Mas a principal alteração no projeto está na extinção do hotel, que teria 14 pavimentos e 240 apartamentos, do shopping e do supermercado que ficariam acoplados ao terminal.
"Tivemos de mudar os planos para atrair empresas interessadas na construção", explicou o prefeito. O primeiro processo de licitação foi lançado em janeiro de 2011, mas como não houve interessados, o processo foi relançado. Em novembro do mesmo ano, um novo edital, mais modesto, foi aberto. A vencedora, a SPE Terminal Belo Horizonte S/A, consórcio que reúne empresas como a EPC Socicam, que administra rodoviárias em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, lançou ontem o novo projeto da obra.
Na mesma. O número de vagas para estacionamento previstas continua o mesmo, serão 400. O de plataformas também, 41, quatro a menos do que na atual rodoviária, no centro da capital. "O número é mesmo menor, mas a capacidade será maior, já que o terminal antigo tem áreas de embarque e desembarque separadas. O novo espaço terá áreas flexíveis, com menor tempo de parada", disse Cesar. A capacidade inicial do futuro empreendimento é de 40 mil usuários por dia, o mesmo volume suportado atualmente. "A meta é construirmos mais 15 plataformas nos anos seguintes a inauguração e aumentarmos a capacidade em 2,5% ao ano".

Perda de atrativos é prejudicial ao projeto
As mudanças no projeto de construção da nova rodoviária e a demora na entrega da obra são questionadas por estudiosos. Para o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em engenharia de trânsito, Ronaldo Guimarães Gouvêa, a ausência do hotel e do shopping vai provocar transtornos para os passageiros, além de afetar o trânsito. "É uma pena suspender esses empreendimentos. Eles devem fazer parte do planejamento", afirmou Gouvêa.
O prefeito Marcio Lacerda disse que, mesmo fora do projeto arquitetônico, a iniciativa privada deve buscar oferecer esses serviços no entorno do São Gabriel.
Já o engenheiro civil Silvestre de Andrade fala da urgência de se ter um novo terminal na capital. "Não é de hoje que precisamos de uma rodoviária fora do centro da cidade. Isso estava previsto no planejamento urbanístico da década de 1970", ressaltou Andrade. (LC)

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