domingo, 26 de agosto de 2012

Mau uso do cartão de crédito pode elevar fatura em até 300%

Cartão de crédito permite compras sem juros por até 40 dias. Mas, se fatura atrasar, dívida vira uma bola de neve

Jorge Freitas - Especial para o Correio Braziliense
Publicação: 26/08/2012 07:52 Atualização:


Uso do dinheiro de plástico exige rigor para consumidor não entrar na lista dos maus pagadores
Uso do dinheiro de plástico exige rigor para consumidor não entrar na lista dos maus pagadores (marcos Michelin/EM/D.A Press - 3/7/11) Nem inofensivo nem lobo mau. O cartão de crédito só é vilão de quem se deixa seduzir pela fantasia do financiamento fácil e acaba por construir um conto de fadas ao contrário, em que o final infeliz, quase sempre, é um ingresso para o cadastro de maus pagadores. Entre famílias endividadass no Brasil, 74% estão penduradas nessa ferramenta de consumo, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). De cada 100 brasileiros que usam o dinheiro de plástico, 27 ficaram inadimplentes no ano passado, de acordo com o Banco Central (BC). Segundo dados de julho da instituição, as famílias brasileiras usam, em média, 43% de suas receitas para o pagamento de despesas em atraso. É o índice mais alto desde 2005.
Não se deixe enganar. Que o cartão de crédito tem juros altos, todo mundo sabe. Na média, o brasileiro que atrasa a fatura é obrigado a encarar 323,24% de aumento da dívida ao ano. É a maior taxa em toda a América Latina, segundo ranking elaborado pela Proteste Associação de Consumidores. De acordo com a pesquisa feita em julho, o índice argentino era de 50%, o chileno, 54,24%, e o colombiano, de 29,23% — apenas 9% da média do Brasil (veja quadro).
A disparidade é gigantesca quando se leva em conta que o país tem taxa básica de juros (Selic) de 8% ao ano. Diante desse quadro, a Proteste recomenda que, para não se endividar e ter dores de cabeça, os consumidores evitem sacar dinheiro ou pegar empréstimos por meio do cartão de crédito.
O coordenador de Estudos Econômicos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Roberto de Oliveira, aconselha ainda que os usuários busquem planejar os gastos conforme as possibilidades do orçamento e evitem pagar a cota mínima da conta. “Com taxas tão elevadas, é importante quitar o valor integral da fatura dentro do prazo de vencimento, para não cair no crédito rotativo, cobrado quando se paga o valor mínimo”, diz.
O cartão oferece a possibilidade de postergar um gasto imediato por até 40 dias, sem juros, caso se conte do dia seguinte ao fechamento da fatura até a data do mês subsequente. O problema está em ignorar esse prazo, o que leva a pessoa a alimentar uma dívida sem fim.
Necessidade
A diretora de Atendimento do Procon-SP, Selma Amaral, concorda com Miguel Oliveira e ainda ressalta que o consumidor deve se perguntar sobre a real necessidade de usar crédito. Caso seja imprescindível utilizar o dinheiro de plástico, ela recomenda que sejam adotados critérios rigorosos para controlar os gastos. “Se for necessário entrar no rotativo, o que deve ser a última opção, o consumidor precisa se organizar para ficar, no máximo, 10 dias devendo por esse empréstimo”, destaca.
Mesmo entrando no rotativo, portanto, o cliente deve tentar saldar a dívida antes de receber a fatura seguinte. As operadoras de cartão são obrigadas a abater o valor do saldo devedor, reduzindo o número de dias pelos quais serão cobrados os juros do crédito rotativo. “Havendo recusa da empresa, o cliente deve procurar as entidades de defesa do consumido para fazer valer o seu direito”, ressalta Selma.

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