18/08/2012 06:56 - Atualizado em 18/08/2012 06:56
Como se não bastassem os problemas que o mundo vive hoje por falta de
liderança para a solução da grave crise financeira, o governo britânico
inventa mais um, dessa vez criando rusgas com o Equador. Começou com a
ameaça que fez em carta seu Ministério das Relações Exteriores,
divulgada por Quito, de invadir a embaixada, caso fosse concedido asilo
político ao fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange. Ele
seria retirado à força para ser extraditado para a Suécia. Tal ato
representaria a quebra do princípio da imunidade consagrado pela
Convenção de Viena sobre relações diplomáticas, assinado em abril de
1961. O governo equatoriano não se intimidou: concedeu há dois dias o
asilo. E Londres decidiu não dar o salvo-conduto para que o refugiado
deixe a Inglaterra.
O problema se complica, porque existe um mandado de prisão europeu
contra o criador do site que vazou pela internet centenas de milhares de
documentos secretos do governo dos Estados Unidos. Quando se refugiou
na embaixada em junho, Londres se preparava para extraditar Assange para
Estocolmo, onde ele foi denunciado à justiça por estupro de duas
mulheres, depois da divulgação dos documentos. O australiano nega os
estupros e acusa a Suécia de pretender entregá-lo aos Estados Unidos,
onde corre o risco de ser condenado à morte.
Julian Assange ficou mundialmente famoso em 2010, quando o WikiLeaks,
criado por ele quatro anos antes e mantido por doações, divulgou 250 mil
telegramas confidenciais da diplomacia americana. A divulgação foi
feita mediante acordo com cinco jornais de prestígio internacional e um
brasileiro, que consideraram o material de grande interesse público. O
governo dos Estados Unidos, porém, declarou que o vazamento equivalia a
um ato de espionagem, podendo ser punido até com pena de morte. O
australiano, por sua vez, se considera vítima de perseguição política.
Em outros tempos, quando o império britânico ditava a ordem ao mundo,
essa questão seria resolvida pela força. Isso não deverá ocorrer agora,
pois, se violar arbitrariamente o princípio da imunidade diplomática, o
antigo império estaria criando um perigoso precedente e pondo em risco a
segurança de diplomatas do Reino Unido e dos aliados americanos mundo
afora. A Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou reunião de
emergência para discutir a crise. O presidente do Equador, Rafael
Correa, busca apoio internacional. Apoio diplomático, espera-se.
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