Homicídios
Policiais dizem que, na prática, processos serão arquivados; especialista concorda
FOTO: ALEX DE JESUS - 11.4.2011
Pilha.
Minas tem 11.440 inquéritos de homicídios ainda sem solução; em Belo
Horizonte e região já são cerca de 2.000 investigações
Todos
os inquéritos de homicídio instaurados até 2007 e ainda hoje sem
solução terão que ser concluídos em dois meses. Essa foi, segundo fontes
da Polícia Civil, a determinação dada pela chefia da corporação em uma
reunião na última segunda-feira. A ordem seria uma maneira de tirar
Minas Gerais da posição de último colocado no ranking dos Estados com
inquéritos não solucionados. Para policiais e especialistas ouvidos pela
reportagem, a medida significará, na prática, o arquivamento dos
processos.
"Não temos como apurar muitos desses inquéritos. Algumas testemunhas morreram, outras não vão falar mais. Vamos determinar algumas prisões, mas provavelmente a maioria dos casos será arquivada", afirmou um policial.
O sociólogo Carlos Magalhães, especialista em segurança pública, afirma que a novidade não trará soluções para os crimes e irá apenas melhorar a imagem da polícia. "Não há condições de resolver adequadamente essa quantidade de inquéritos nesse prazo. Crimes mais antigos são mais complexos e demandam mais tempo. Na prática, vão resolver a questão estatística, mas não vão dar uma solução efetiva no sentido de encontrar os criminosos".
Ranking. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em todo o Estado, são 11.440 inquéritos de homicídios ainda sem solução. Minas é também o terceiro em volume de inquéritos, atrás apenas do Rio de Janeiro (47.177) e do Espírito Santo (16.148).
A determinação do comando da polícia valeria, por enquanto, apenas para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que concentra os inquéritos da capital e da região metropolitana, onde dados extraoficiais dão conta de que há cerca de 2.000 inquéritos em aberto - a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) não informou os números oficiais. A intenção seria criar uma força-tarefa para trabalhar nos casos.
"O departamento vai ter que dar conta de uns 2.000 inquéritos relativos a Belo Horizonte, Contagem, Betim, Santa Luzia, Sabará, Vespasiano e Ribeirão das Neves. Se eles estão lá desde 2007 e não conseguimos resolver, como vamos fazer isso agora, em dois meses?", disse um outro policial.
O chefe do DHPP, o delegado Wagner Pinto, disse que só hoje falaria sobre o assunto. O chefe de Polícia Civil, Cylton Brandão, negou que haja uma estratégia para maquiar estatísticas. Segundo ele, o que há é uma "racionalização do efetivo" para tentar resolver inquéritos antigos. Ele não informou quantos policiais vão trabalhar com os casos em aberto.
"Não temos como apurar muitos desses inquéritos. Algumas testemunhas morreram, outras não vão falar mais. Vamos determinar algumas prisões, mas provavelmente a maioria dos casos será arquivada", afirmou um policial.
O sociólogo Carlos Magalhães, especialista em segurança pública, afirma que a novidade não trará soluções para os crimes e irá apenas melhorar a imagem da polícia. "Não há condições de resolver adequadamente essa quantidade de inquéritos nesse prazo. Crimes mais antigos são mais complexos e demandam mais tempo. Na prática, vão resolver a questão estatística, mas não vão dar uma solução efetiva no sentido de encontrar os criminosos".
Ranking. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em todo o Estado, são 11.440 inquéritos de homicídios ainda sem solução. Minas é também o terceiro em volume de inquéritos, atrás apenas do Rio de Janeiro (47.177) e do Espírito Santo (16.148).
A determinação do comando da polícia valeria, por enquanto, apenas para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que concentra os inquéritos da capital e da região metropolitana, onde dados extraoficiais dão conta de que há cerca de 2.000 inquéritos em aberto - a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) não informou os números oficiais. A intenção seria criar uma força-tarefa para trabalhar nos casos.
"O departamento vai ter que dar conta de uns 2.000 inquéritos relativos a Belo Horizonte, Contagem, Betim, Santa Luzia, Sabará, Vespasiano e Ribeirão das Neves. Se eles estão lá desde 2007 e não conseguimos resolver, como vamos fazer isso agora, em dois meses?", disse um outro policial.
O chefe do DHPP, o delegado Wagner Pinto, disse que só hoje falaria sobre o assunto. O chefe de Polícia Civil, Cylton Brandão, negou que haja uma estratégia para maquiar estatísticas. Segundo ele, o que há é uma "racionalização do efetivo" para tentar resolver inquéritos antigos. Ele não informou quantos policiais vão trabalhar com os casos em aberto.
Carência
Investigadores podem ganhar atribuições
Além
de se concentrarem em casos antigos, os policiais de delegacias
especializadas em homicídios da região metropolitana de Belo Horizonte
podem ser redistribuídos para suprir carências de outras delegacias, em
investigações de todos os tipos de crime. A informação é do presidente
do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindipol-MG), Denilson
Martins.
Segundo o sindicalista, policiais o procuraram para fazer a denúncia. "Me reuni com a chefia da polícia e parece que isso estava em estudo, mas eles disseram que desistiram", disse. O chefe de Polícia Civil, Cylton Brandão, negou a mudança.
Descrença. O engenheiro Ricardo Rocha, 29, recebe as possíveis mudanças com tristeza. Desde 2001, ele aguarda a conclusão da investigação da morte do pai, assassinado em uma briga de trânsito em Contagem. "Não basta a tristeza da perda do meu pai. Saber que aquele que o matou e mudou nossas vidas talvez nunca seja preso é revoltante". (KA)
Segundo o sindicalista, policiais o procuraram para fazer a denúncia. "Me reuni com a chefia da polícia e parece que isso estava em estudo, mas eles disseram que desistiram", disse. O chefe de Polícia Civil, Cylton Brandão, negou a mudança.
Descrença. O engenheiro Ricardo Rocha, 29, recebe as possíveis mudanças com tristeza. Desde 2001, ele aguarda a conclusão da investigação da morte do pai, assassinado em uma briga de trânsito em Contagem. "Não basta a tristeza da perda do meu pai. Saber que aquele que o matou e mudou nossas vidas talvez nunca seja preso é revoltante". (KA)
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