Quem examinar a lista divulgada pelo governo de Minas pela internet,
com os salários da Polícia Militar, entende o motivo para tanta procura
nos concursos da corporação. Os salários são muito atrativos, se
comparados com os dos professores estaduais. No começo da listagem, há
tenentes-coronéis recebendo vencimentos acima de R$ 11 mil e soldados
ganhando mais de R$ 2 mil. E nesse quadro da PM, os salários mais baixos
são pagos a professores, com valores variando de R$ 1.451 a R$ 1.944
por mês.
Parece haver grave distorção nessa política salarial da PM. É comum, em
nossa sociedade, rotular pessoas pelo que elas recebem no fim do mês.
Valem mais os que têm vencimentos maiores. Assim, um oficial tem mais
valor que um soldado. Se um professor, por tal medida, não tem
demonstrada a sua importância, será muito difícil para ele transmitir
seus conhecimentos a um soldado que, na sua ignorância, pensa que sabe
mais que o pobre mestre. (?)
Essas considerações são importantes, pois no mundo atual, reconhecido
como o mundo do conhecimento, o combate ao crime se torna mais efetivo
com o uso da inteligência. Os que se associam para a prática do crime
estão se sofisticando. Usam a inteligência, evoluem nos seus métodos e
enganam a polícia. Exemplo disso é o que ocorreu há alguns dias em São
Paulo. Uma quadrilha de ladrões de veículos usava como despiste um carro
da Polícia Civil que comprara num leilão feito pela própria polícia.
Com esse carro “oficial”, dois membros da quadrilha foram pegos
escoltando caminhões roubados até a oficina de desmonte. Não foi fácil
detectar a farsa, pois nos registros da polícia aquela viatura leiloada
ainda constava como sendo sua. Uma providência que escapara a uma
polícia que trabalha de forma obtusa.
Se não for para ter uma polícia mais inteligente do que essa aí, o
governo de Minas gastará dinheiro do contribuinte sem reduzir a
criminalidade no Estado, ao contratar mais policiais. Conforme revelou
este jornal, nos próximos meses serão realizados concursos para
selecionar 3.900 servidores na área de segurança pública. A PM emprega
atualmente 44.299 pessoas e terá reforço de dois mil soldados. A Polícia
Civil, com 9.500 funcionários, receberá mais 1.900. E ambas continuarão
reclamando da falta de pessoal para combater o crime, se os que
entrarem para seus quadros não forem bem selecionados e preparados com
inteligência antes de começarem a usar mal as suas armas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário