terça-feira, 7 de agosto de 2012

Polícia inteligente e a distorção da política salarial




Quem examinar a lista divulgada pelo governo de Minas pela internet, com os salários da Polícia Militar, entende o motivo para tanta procura nos concursos da corporação. Os salários são muito atrativos, se comparados com os dos professores estaduais. No começo da listagem, há tenentes-coronéis recebendo vencimentos acima de R$ 11 mil e soldados ganhando mais de R$ 2 mil. E nesse quadro da PM, os salários mais baixos são pagos a professores, com valores variando de R$ 1.451 a R$ 1.944 por mês. 
Parece haver grave distorção nessa política salarial da PM. É comum, em nossa sociedade, rotular pessoas pelo que elas recebem no fim do mês. Valem mais os que têm vencimentos maiores. Assim, um oficial tem mais valor que um soldado. Se um professor, por tal medida, não tem demonstrada a sua importância, será muito difícil para ele transmitir seus conhecimentos a um soldado que, na sua ignorância, pensa que sabe mais que o pobre mestre. (?)
Essas considerações são importantes, pois no mundo atual, reconhecido como o mundo do conhecimento, o combate ao crime se torna mais efetivo com o uso da inteligência. Os que se associam para a prática do crime estão se sofisticando. Usam a inteligência, evoluem nos seus métodos e enganam a polícia. Exemplo disso é o que ocorreu há alguns dias em São Paulo. Uma quadrilha de ladrões de veículos usava como despiste um carro da Polícia Civil que comprara num leilão feito pela própria polícia. Com esse carro “oficial”, dois membros da quadrilha foram pegos escoltando caminhões roubados até a oficina de desmonte. Não foi fácil detectar a farsa, pois nos registros da polícia aquela viatura leiloada ainda constava como sendo sua. Uma providência que escapara a uma polícia que trabalha de forma obtusa.
Se não for para ter uma polícia mais inteligente do que essa aí, o governo de Minas gastará dinheiro do contribuinte sem reduzir a criminalidade no Estado, ao contratar mais policiais. Conforme revelou este jornal, nos próximos meses serão realizados concursos para selecionar 3.900 servidores na área de segurança pública. A PM emprega atualmente 44.299 pessoas e terá reforço de dois mil soldados. A Polícia Civil, com 9.500 funcionários, receberá mais 1.900. E ambas continuarão reclamando da falta de pessoal para combater o crime, se os que entrarem para seus quadros não forem bem selecionados e preparados com inteligência antes de começarem a usar mal as suas armas.

Nenhum comentário: