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"Debate Obama x Romney"
Os
dois presidenciáveis americanos fizeram na segunda-feira um debate sem
brilho sobre temas de política externa, indicando falta de apetite para
levar os Estados Unidos a se envolverem em um novo conflito militar no
mundo - apesar da existência de instabilidades e ameaças.
Refletindo
o cansaço dos americanos após mais de uma década de envolvimento no
Iraque e Afeganistão, os rivais pela Casa Branca indicaram que querem
manter o papel de liderança do país na comunidade internacional, mas sem
envolvimento militar direto.
A sinalização é relevante sobretudo
partindo do aspirante republicano, Mitt Romney, que acusa o governo
Obama de tratar os regimes sírio e iraniano com leniência.
Entretanto, na segunda-feira, ele indicou que discorda menos das políticas do atual governo que sua retórica inflamada indica.
Discutindo
a atuação americana na Síria, por exemplo, e o papel dos Estados Unidos
diante da Primavera Árabe, ambos os candidatos concordaram que
Washington deve ajudar as transições nos países árabes, mas manter
distância de se envolver militarmente.
Mesmo as declarações em
relação à Líbia - onde no último dia 11 de setembro um ataque em
Benghazi matou o embaixador americano no país - foram menos calorosas
que nos dois debates anteriores.
Romney pode ter optado pela
cautela nesse tema, depois que suas críticas pelo fracasso do governo em
proteger o embaixador lhes renderam acusações de tentar explorar
politicamente uma 'tragédia nacional'.
Os candidatos também não
discordaram fundamentalmente em relação às retiradas das tropas do
Iraque e do Afeganistão, assim como da necessidade de continuar
cooperando com o Paquistão.
Obama resumiu o espírito da coisa
quando disse que 'parte da liderança americana é garantir que estamos
construindo nosso país dentro de casa'.
'Na última década,
experimentamos promover a construção de Estados-nações em lugares como o
Iraque e o Afeganistão. E negligenciamos, por exemplo, desenvolver a
nossa própria economia, nosso próprio setor energético, nosso sistema
educacional', prosseguiu.
'É muito difícil projetarmos liderança no mundo se não estivermos fazendo o que precisamos fazer aqui.'
Convergência desafinada
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"Obama e Romney durante o debate"
Entretanto,
tratou-se de uma convergência desafinada - que se expressou em outros
temas, como o Irã e a China, nos quais Romney acusa o governo Obama de
agir com leniência.
O republicano já disse que classificará a China como manipuladora de câmbio já no seu primeiro dia de trabalho.
Sobre
o Irã, na segunda-feira Romney criticou Obama por não adotar sanções
mais firmes em represália ao programa nuclear iraniano.
'Hoje, eu endureceria essas sanções. Proibiria navios que carregam petróleo iraniano de vir para os nossos portos', disse.
'Garantiria
que (o presidente iraniano, Mahmoud) Ahmadinejad fosse indiciado por
genocídio. Também garantiria que seus diplomatas sejam tratados como os
párias que são em todo o mundo, da mesma maneira que tratamos os
diplomatas do apartheid da África do Sul.'
Romney disse que o mundo está 'quatro anos mais perto' de que o Irã alcance a tecnologia nuclear para fins militares.
Obama replicou as declarações afirmando que os EUA já adotaram sanções unilaterais contra o Irã e que elas não funcionaram.
Disse
também que, enquanto seu governo negociava sanções internacionais, o
republicano investia seu dinheiro na companhia de petróleo chinesa, que
tem negócios com a iraniana.
Navios e baionetas
Os candidatos também duelaram em um tema híbrido de política externa e doméstica: os gastos militares.
O
republicano acusou Obama de tornar o país menos seguro por propor um
corte de gastos de US$ 1 trilhão no orçamento de defesa americano.
Apontou que a Marinha americana é a menor desde 1917 e que a Força Aérea
está mais enxuta que quando foi criada, em 1947.
Obama respondeu
com sarcasmo. 'Acho que o governador Romney não passou muito tempo
estudando como funcionam as Forças Armadas', ironizou.
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"Candidatos cumprimentam espectadores após o debate"
'Governador,
nós também temos menos cavalos e baionetas, porque a natureza do
serviço militar mudou. Temos estas coisas chamadas porta-aviões onde
pousam as aeronaves. Esses navios que se movem por debaixo d'água, os
submarinos nucleares.'
Para Obama, o investimento de US$ 2
trilhões nas Forças Armadas - 'que os militares não estão pedindo' -
proposto por Romney é incongruente com seu plano de corte de US$ 5
trilhões em impostos e reequilíbrio orçamentário.
As principais
divergências - e os momentos mais vivos do debate - surgiram em
discussões de politica doméstica que, em tese, não faziam parte do menu.
Foi
nesse momento que a América Latina foi mencionada pela única vez.
Romney citou seu plano de cinco pontos para reviver a economia
americana, dos quais um é elevar o comércio exterior, principalmente com
os vizinhos.
Pontos para todos
Como era de se esperar, o
presidente, na posição de comandante-em-chefe das Forças Armadas,
demonstrou mais conhecimento dos temas e esteve mais seguro nas
respostas.
As pesquisas de opinião divulgadas após o evento lhe
deram a vitória (por 53% a 23% segundo a rede CBS, e por 48% a 40% de
acordo com a CNN).
Já Romney pareceu ter jogado pelo empate, tendo
se beneficiado de uma clara subida nas pesquisas após os primeiros dois
enfrentamentos.
Analistas vinham considerando que, mais que
vencer o debate, era importante para o desafiante passar no teste de
enfrentar o comandante-em-chefe.
Ao adotar um papel mais apaziguador, alguns analistas acreditam que o republicano foi bem sucedido.
Obama e Romney agora só se enfrentam outra vez nas urnas, no dia 6 de novembro.
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