quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Pai delegado e filho investigador tem afastamento decretado pela Justiça devido a venda fraudulenta de CNHs

FORMIGA
25/10/2012 16h05

DA REDAÇÃO
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Nesta quinta-feira (25), a Justiça decretou o afastamento do delegado João Pedro de Rezende, ex-chefe do Departamento de Polícia Civil de Formiga, no Centro-Oeste do Estado, do filho dele, o investigador Alexandre Clayton Rezende, e de outros policiais denunciados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), juntamente com dezenas de outros envolvidos na venda fraudulenta de carteiras de habilitação.
Desde o ano de 2006, Alexandre Clayton Rezende, Lineu Lamounier Junior, Sérgio Lúcio Simão, Racilane Antonio da Silva Costa e João Pedro de Rezende, integrantes da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, juntamente com os proprietários da auto-escola "Sinal Verde", Weberson Luiz Luciano, Daniela Mourão Terra Luciano e Luiz Gustavo Luciano se associaram na venda fraudulenta de carteiras de habilitação para candidatos de Formiga e de cidades da região.

Foram denunciados ao todo 81 acusados, entre policiais civis, despachantes, instrutores e proprietários da auto-escola Sinal Verde, uma das envolvidas nas fraudes.

O investigador Alexandre Clayton Rezende é acusado de chefiar o esquema. O delegado João Pedro de Rezende é acusado de utilizar sua influência junto à Polícia Judiciária para manter, na época, na banca examinadora, o filho dele e os demais policiais envolvidos, mesmo sabendo do esquema de corrupção, além de exigir a aprovação dos candidatos que ele indicava e de ameaçar os policiais que se recusavam a obedecer às ordens dos participantes do esquema.

A denúncia foi oferecida à Justiça pelos promotores de Justiça Ângelo Ansanelli Júnior, Clarissa Gobbo dos Santos, Marco Aurélio Rodrigues de Carvalho e Luciana Imaculada de Paula.

Em sua decisão, o juiz Paulo César Augusto de Oliveira Lima determinou o afastamento dos policiais das funções na Polícia Judiciária, bem como dos diretores, instrutores e proprietários de auto-escolas.


Histórico

O promotor de Justiça de Formiga, Ângelo Ansanelli Júnior, iniciou as investigações em 2010, após receber denúncia de irregularidades na concessão de carteiras de habilitação envolvendo os policiais civis Alexandre Clayton Rezende, Racilane da Silva Costa e Sérgio Lúcio Simão, além dos sócios da Auto-Escola Sinal Verde Luiz Gustavo Luciano, Aparecida Donizete Luciano e Weberson Luciano.

Em agosto de 2010, após realizar levantamento prévio sobre os bens dos envolvidos e constatar que o patrimônio dos policiais civis era incompatível com a renda dos cargos ocupados por eles, Ângelo Ansanelli encaminhou oficio ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Combate ao Crime Organizado (CAO-Crimo) e ao Grupo de Combate ao Crime Organizado (GCOC), informando sobre o problema envolvendo grande número de pessoas e de policiais civis na região. Foi iniciada a operação "Sinal Verde", para reunir as provas necessárias e denunciar os acusados.

Na época, o promotor de Justiça apurou também que o investigador Alexandre Clayton de Rezende era proprietário da auto-escola Sinal Verde, hoje CFC Formiga, e a utilizava, juntamente com Weberson Luiz Lujiano e Wilderson Dias, proprietário e diretor, respectivamente do CFC, para realização do esquema de facilitação dos exames de habilitação. O despachante era primo de Alexandre Clayton Rezende e sobrinho do João Pedro de Rezende, e também foi denunciado por integrar o esquema de facilitação de CNHs como um dos agenciadores.

Alguns dos denunciados atuavam como intermediários, captando pessoas para a obtenção da carteira; outros eram responsáveis pela aprovação dos candidatos que pagavam propina ou cuidavam da distribuição dos valores apurados.

Durante as investigações, por meio da operação "Sinal Verde", o MPMG e a Corregedoria da Polícia Civil gravaram conversas telefônicas que comprovaram a participação de muitos dos envolvidos, inclusive de outras auto-escolas.

O esquema foi desmontado com a transferência do delegado para outra cidade e com o afastamento dos avaliadores da função na banca examinadora.

 

COM MPMG

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