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O
delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, afirmou ontem
que há indícios de ações de extermínio na atual onda de violência em São
Paulo. Em tom de desabafo, prestes a deixar o cargo, ele disse que pelo
menos uma das vítimas teve antecedentes criminais consultados no
sistema de segurança pública do Estado pouco antes de ser assassinada, o
que indicaria atuação de policiais no crime.
"Fomos verificar,
havia sido feita uma pesquisa (sobre antecedentes). A morte foi na
capital e a pesquisa, feita na Grande São Paulo pouco antes da morte",
disse Carneiro, logo após a posse do novo secretário da Segurança
Pública, Fernando Grella Vieira, no Palácio dos Bandeirantes.
O
delegado-geral disse que isso já ocorria no passado (veja abaixo) e
afirmou que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está
checando se houve consultas também em outros casos de homicídios
recentes. "Se houver policial envolvido em crimes, queremos que ele
fique preocupado e não durma em paz", disse. As consultas das fichas
criminais são acessíveis somente a policiais.
Ainda falando sobre a
onda de violência na cidade, questionado se havia provas de que
policiais têm cometido assassinatos em bairros da periferia, Lima disse
que trabalha com todas as linhas de investigação e apontou alguns
indícios de que isso esteja acontecendo. "A própria sociedade, ao
receber a informação de que oito homicídios aconteceram em um curto
espaço de tempo, em um espaço geográfico pequeno, (sabe que) é porque
alguma coisa estranha está acontecendo. O criminoso (comum) é covarde.
Ele mata e foge do local. Ele não mata e fica matando várias vezes. Não
mata e recolhe os estojos (dos projéteis) depois para não fazer prova."
O
delegado-geral explicou que a numeração dos estojos de munições são
determinantes em uma investigação, porque permitem o rastreamento de
onde foram compradas. Todas as balas usadas por policiais, por exemplo,
trazem identificação de lote. "Em muitos casos, os estojos são
recolhidos por pessoas que sabem que poderiam ser incriminadas por essas
informações."
Carneiro afirmou também que parte da sociedade é
conivente com a violência. "É importante ressaltar que a gente nunca
teve chacina nos Jardins. Por quê? Por que é tão fácil matar pobre na
periferia? Porque ainda existe uma grande parcela da sociedade que acha
que matar pobre na periferia é matar o marginal de amanhã."
Troca.
Carneiro já pôs o cargo à disposição do novo secretário da Segurança e
deve ser substituído nos próximos dias. Quatro nomes são cotados para
assumir a Polícia Civil: o diretor do Departamento de Investigações
sobre o Crime Organizado (Deic), Nelson Silveira Guimarães; o diretor do
Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), Carlos José
Paschoal de Toledo; o diretor do Departamento de Polícia Judiciária da
Macro São Paulo, Youssef Abou Chahin; e o diretor do Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa, Jorge Carrasco.
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