quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Em discurso de posse, Barbosa diz que nem todos são tratados com igualdade pela Justiça

O mineiro é o primeiro ministro negro a tomar posse na presidência da Corte e o relator do processo com o maior número de páginas da história do Tribunal, a Ação Penal 470, conhecida como mensalão

Marcelo Ernesto - Estado de Minas
Publicação: 22/11/2012 17:31 Atualização: 22/11/2012 17:59

 (Carlos Humberto/SCO/STF)

O novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) ministro Joaquim Barbosa, destacou em seu discurso de posse a necessidade de igualdade de direitos entre todos os cidadãos. “Preciso ter a honestidade intelectual de dizer que há um grande déficit de Justiça entre nós. Nem todos os brasileiros são tratados iguais”, disse e completou: “Justiça é indissociável de igualdade”. Barbosa também destacou o papel do juiz e afirmou que cabe aos magistrados estarem inseridos nos anseios da sociedade atual. “O juiz é um produto do seu meio e do seu tempo [...] Pertence ao passado à figura do juiz que se mantém distante, alheio aos anseios da sociedade da qual ele está inserido”, afirmou.
Joaquim Barbosa também defendeu que o juiz deve ter independência e que o judiciário deve ser mais direto e “sem fírulas”. Para ele, a sociedade e o próprio juiz devem cuidar para que ás más influências sejam afastadas dos magistrados, para que isso não comprometam sua independência e minar sua carreira. Sobre o STF, Barbosa afirmou que nos últimos anos a Corte tem assumido um papel cada vez mais relevante de resolução de situações que afetam o país. “Nesta casa são cada vez mais discutidas as questões mais centrais da vida do brasileiro. E isso é muito bom. E isso é muito positivo”, analisou.
Sobre as instituições brasileiras, Barbosa afirmou que atualmente o Brasil serve de referência internacional. “Hoje pode se dizer que temos instituições sólidas, submetidas cada vez mais ao escrutínio da sociedade, de organizações e da sociedade internacional”, disse.
Para finalizar sua fala, o ministro agradeceu a presença dos amigos, familiares, do filho e da mãe, Benedita Barbosa, a quem apresentou como “querida mãe”.
Aos 58 anos de idade, o ministro Joaquim Barbosa chega ao mais elevado posto da Justiça Brasileira para ser o 55º presidente da Suprema Corte desde o Império e o 44º a partir da proclamação da República. Natural de Paracatu e nono mineiro na Presidência do STF, Joaquim Barbosa é o primeiro ministro negro a tomar posse na presidência da Corte e o relator do processo com o maior número de páginas da história do Tribunal – a Ação Penal (AP) 470, iniciada com 40 réus e autos com mais de 50 mil páginas.

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