domingo, 25 de novembro de 2012

Muita calma nessa hora: o fim de ano pede `chá de camomila´

Nervos
Conseguir tempo para as necessidades básicas é luxo para certos profissionais
Publicado no Jornal OTEMPO em 25/11/2012

ANA PAULA PEDROSA
FOTO: JOÃO MIRANDA
Raimundo Nonato sofre com o estresse dos passageiros
Enquanto os consumidores se preparam para o fim de ano com compras e confraternizações, um batalhão de profissionais enfrenta jornadas exaustivas de trabalho para que tudo funcione. Para quem lida com o público, fim de ano é sinônimo de estresse. "É muito cansativo. Tem que ter todo o tempo disponível para o trabalho, esquecer a família e a vida social", diz a vendedora Nice Fernandes, há 20 anos na profissão. Ela diz que o lado bom aparece no fim do mês, quando o salário pula de R$ 1.200 para cerca de R$ 2.500.
De acordo com pesquisa da Regus do Brasil, o trabalho é a maior fonte de estresse dos brasileiros. "E no fim do ano piora. Algumas profissões têm aumento no volume de trabalho e outras têm aquela correria para cumprir metas", diz o diretor geral da empresa, Guilherme Ribeiro. Atendentes de companhias aéreas, vendedores e executivos são alguns dos vários profissionais obrigados a cumprir metas. Muitas vezes, eles necessitam até mesmo de um "chá de camomila" para enfrentar - com mais calma - o período conturbado.
Uma outra pesquisa, da Isma Brasil, entidade que estuda o estresse, diz que no fim do ano o nível de estresse das pessoas aumenta até 75%, provocado pela combinação de muito trabalho, trânsito ruim, excesso de compromissos sociais, chuvas e falta de tempo.
Para amenizar os efeitos do cansaço na equipe, a empresária Matilde Azeredo, proprietária do Mathilde Restaurante, aposta em música. "Coloco uma música tranquila de manhã. Eles trabalham mais felizes",diz ela, que tem eventos de confraternização marcados de terça-feira a domingo até o fim do ano. "Nessa época, tem que focar a vida em atender o cliente", diz.
Para o taxista Ângelo Luciano, a maior fonte de estresse no fim do ano é o seu ambiente de trabalho, o trânsito. "Em dezembro chove demais. Para um trajeto que normalmente faço em 40 minutos, gasto no mínimo uma hora. E, se não chove, o sol é muito quente. É difícil", conta.
Luxo. Para alguns profissionais, conseguir tempo para as necessidades básicas é quase um luxo. "Nessa época, vendedor não tem tempo para almoçar, nem para ir ao banheiro. Sem contar que fica de dez a 12 horas em pé", diz o presidente do Sindicato dos Comerciários de Belo Horizonte, José Alves Paixão.
O embalador de bagagens Raimundo Nonato, que trabalha em Confins, tem o mesmo problema. "Fico 12 horas trabalhando e, nessa época, sentar é raridade. A fila fica sempre grande e os clientes chegam nervosos, reclamando que estão atrasados, com pressa. E eles estressam a gente também", afirma. (Com Queila Ariadne)

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