Documentos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostram o envolvimento de cerca de 4 mil pessoas...
Documentos
do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostram o
envolvimento de cerca de 4 mil pessoas no Primeiro Comando da Capital
(PCC). O órgão de inteligência financeira vinculado ao Ministério da
Fazenda já tem mais de 60 relatórios prontos sobre a atuação da facção
e, a partir desta semana, passa a compor a Agência Integrada de
Inteligência, criada no dia 6 pelos governos federal e paulista para
combater o crime organizado.
Mapear contas de pessoas ligadas ao
PCC e rastrear a movimentação financeira de líderes e subordinados será
justamente uma das primeiras ações da agência, que tem como objetivo a
troca de informações entre órgãos de segurança do Estado e da União no
combate à onda de violência em São Paulo.
As informações do Coaf
serão compartilhadas com as Polícias Federal e Civil, a Secretaria
Estadual de Administração Penitenciária e outros integrantes da agência.
A intenção é estancar fontes de financiamento da facção e identificar
mecanismos de lavagem de dinheiro. Relatórios com todos os detalhes das
operações já identificadas serão entregues aos representantes dos órgãos
oficiais nas reuniões desta semana. Novos documentos serão produzidos a
partir de agora.
Documentos do Coaf indicam ainda a centralização
de depósitos em contas bancárias de São Paulo, com maior incidência na
capital e em cidades do interior com grandes penitenciárias. E revelam a
falta de capacidade econômico-financeira dos envolvidos para o volume
de recursos movimentados.
Em 2006, durante a série de ataques do
PCC, o Coaf também foi acionado no combate ao crime organizado em São
Paulo. Entre novembro de 2005 e novembro de 2006, 1.485 pessoas foram
identificadas como tendo relação direta ou indireta às organizações
criminosas do Estado. Um número quase três vezes menor do que o indicado
nos últimos relatórios.
Os nove relatórios de inteligência
financeira produzidos à época listaram 232 contas bancárias, em um total
movimentado de R$ 37 milhões. Segundo os dados, 20% das movimentações
nessas contas era superior a R$ 100 mil. Grande parte do fluxo
financeiro estava diretamente ligado ao alto comando da facção. Também
foi identificada grande quantidade de débitos por meio de saques em
espécie e recebimento de depósitos de outros Estados, como Bahia, Rio,
Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Mato Grosso. No Pará, o Coaf
achou movimentação de cerca de R$ 10 milhões em três contas de pessoas
físicas e jurídicas com relacionamentos em comum.
A criação da
agência faz parte do plano integrado anunciado pelo governador Geraldo
Alckmin e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário