domingo, 11 de novembro de 2012

Para mulheres, o dia perfeito reúne sexo, amigos e relax

Pesquisa
"Felicidade é aproveitar um pouco de cada momento", diz dona de casa
Publicado no Jornal OTEMPO em 11/11/2012

LITZA MATTOS
FOTO: DOUGLAS MAGNO
Jacqueline e o marido; ela valoriza passar o fim de semana com ele e os filhos
Se quiser presentear uma mulher com um dia perfeito, dê a ela algumas horas de sexo, outros momentos com os amigos, uma boa dose de relaxamento e pouco mais do que meia hora de trabalho. A "fórmula" (veja quadro abaixo) foi desvendada pela pesquisa "Just A Perfect Day: Developing a Happiness Optimized Day Schedule"("Um Dia Perfeito: Desenvolvendo uma Agenda Diária Otimizada para a Felicidade", em tradução livre), que analisou 909 mulheres empregadas na faixa dos 38 anos de idade.
O objetivo dos pesquisadores da Universidade de Bremen, na Alemanha, e do Instituto de Tecnologia da Georgia, nos Estados Unidos, foi analisar o efeito das atividades diárias no bem-estar delas. Além disso, o estudo explica que grande parte do tempo gasto da forma mais agradável, apontada pelas mulheres, está ligada à socialização com amigos, parentes, cônjuges e filhos.
Os pesquisadores pediram às mulheres participantes que reconstituíssem suas atividades e experiências vividas no dia anterior, usando o método de reconstrução do dia (DRM). Depois, as participantes tiveram que relatar os sentimentos associados a essas atividades específicas e atribuir a elas descrições como "feliz" ou "ansiosa".
Por aqui, essa realidade é um pouco diferente. Para algumas brasileiras, de fato, um dia sem a pressão da rotina, perto da família e sem precisar contar os minutos para fazer as tarefas está bem próximo de ser perfeito. Mas outras incluem na lista o sonho de até mesmo não precisar se preocupar com as contas a pagar. "Maravilhoso seria poder ficar 24 horas sem pensar em dívidas", resume a administradora Fabiana Leão, 36.
Para ela, que é solteira e sem filhos, não ter que pensar em como vai pagar as contas seria o ideal, pois, com o dinheiro, ela poderia se distrair em viagens, ficar com os amigos e passar o dia fazendo compras. "Para mim, seriam necessárias, no mínimo, 11 horas de sono por dia. Dormir é fundamental na minha rotina, assim como a meditação", diz a psicóloga Wanderez Thomé, 47, aumentando a lista de desejos para o dia perfeito.

Prioridades. Para a analista de recursos humanos Jacqueline Pereira, 35, o contato com os amigos é importante, mas as prioridades vão se tornando outras de acordo com a idade. "Meu casamento é muito tranquilo. Nós nos permitimos uma vida social independente do outro. O sexo também é importante, porém, se o casal não tem um bom relacionamento baseado na sintonia e no companheirismo, o sexo deixa de ser importante - ou nem acontece. Por isso, um dia perfeito, para mim, é exatamente como nos fins de semana - quando tenho mais tempo para a família, marido e filho em alguma atividade de lazer ou até mesmo em casa, brincando e fazendo uma comida gostosa", explica.
Casada e com dois filhos, a corretora de imóveis Edilene da Silva, 45, por exemplo, não descarta o trabalho como um dos seus prazeres e parte de sua realização. "Para mim, um dia perfeito e possível de ser alcançado precisaria ter uma boa noite de sono, trabalho e família. O relaxamento é necessário porque, se estiver tensa, nada vai ser bom. Depois, o trabalho - porque não há nada mais gostoso do que fechar um bom negócio e poder comemorar com a família - e namorar o marido", afirma Edilene.
Para a dona de casa Rosemeire Rangel Sales, 46, que passa grande parte do seu tempo diário cuidando da filha, dos netos e da mãe de 89 anos, apesar de estar sempre perto dos parentes, ela se sente feliz quando tem a família reunida. "Tenho uma família grande e, quando sobrinhos, irmãos e tios se reúnem, é sempre muito bom", garante. Porém, afirma Rosemeire, "a felicidade está em saber aproveitar um pouquinho de cada momento".
O dia perfeito
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Ilusão
Expectativa está mais voltada para o domingo
Os próprios pesquisadores Christian Kroll e Sebastian Pokuta acreditam que as expectativas das mulheres entrevistas no estudo "Just A Perfect Day" estão mais adequadas à programação de um domingo do que à de uma segunda-feira.
Para a psicóloga e psicanalista Paula de Paula, professora da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e conselheira Regional de Psicologia, as prioridades apontadas pelas norte-americanas são ilusão, e a pesquisa revela o quanto as mulheres são infelizes.
"Se fosse para, efetivamente, seguir esse cronograma de tempo, ninguém iria aguentar. Isso não traria felicidade. O que elas esperam é justamente o que não têm. É uma característica humana estar sempre insatisfeito", explica a psicóloga.
O desafio contemporâneo é fazer uma divisão benéfica do tempo. "Seria saudável se não houvesse percentuais tão regrados. De forma geral, é preciso dividir o dia em oito horas de trabalho, oito horas para repor as energias (comendo e dormindo) e oito horas para si. Muitas mulheres sabem o que têm que fazer, mas acabam não conseguindo, e isso traz frustração. Adquirimos um saber inútil", analisa Paula de Paula. (LM)

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