quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Casos de sequestro e de ataques a pessoas cresceram de 9,26% em 2012 em MG


Tiago de Holanda
Guilherme Paranaiba - Estado de Minas
Publicação: 24/01/2013 06:00 Atualização: 24/01/2013 07:03
Os crimes violentos aumentaram em Minas Gerais em 2012, em comparação a 2011, segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). O índice de ataques ao patrimônio (extorsão mediante sequestro e roubo com abordagem a pessoas) subiu 9,26%, saltando de 266,6 para 291,3 a cada grupo de 100 mil habitantes.


Já  a taxa de homicídios subiu menos, 0,5%, mas continua duas vezes acima do considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No ano passado, dois casos emblemáticos  contribuíram para o aumento das estatísticas em BH. Em maio, a estudante Bárbara Quaresma, de 22 anos, foi atingida por um tiro na cabeça, dentro do próprio carro, na porta da casa do namorado, no Bairro Cidade Nova, na Região Nordeste de BH. Os criminosos pretendiam roubar o veículo.


Em outubro, três homens rondavam o Bairro Santa Lúcia, na Região Centro-Sul, quando encontraram a atriz Cecília Bizzotto, de 32, chegando em casa com o irmão e a cunhada. Os três foram levados para a casa e Cecília acabou descoberta por um dos ladrões enquanto ligava para a polícia. Ela foi executada com um tiro no peito.

Em números absolutos, a quantidade de crimes violentos contra o patrimônio saltou de 54.314 em 2011 para 59.795 no ano passado, alta de 10%. Na região metropolitana, o número subiu 8,18%, passando de 34.275 para 37.080. Essa variação fez o índice de ocorrências  aumentar 7,03%, de 632,4 para 676,9.

O número absoluto de homicídios no estado evoluiu 1,6%, de 3.862 para 3.924. A taxa de assassinatos quase se estabilizou, passando de 19 para 19,1 mortos por 100 mil habitantes. Na Grande BH, onde o número caiu 1,9% (de 1.860 para 1.825), a taxa é ainda mais alta: 33,3 assassinatos pelo mesmo grupo de habitantes. A taxa de crimes violentos em geral – que inclui não apenas aqueles contra o patrimônio e homicídios, como também estupro consumado e estupro tentado, sequestro e cárcere privado – também se elevou. No estado, subiu 7,8% entre 2011 e 2012, passando de 324,3 para 349,4 ocorrências a cada 100 mil habitantes. O aumento foi puxado, sobretudo, pelos atentados contra o patrimônio, na opinião do chefe da Polícia Civil, o delegado geral Cylton Brandão da Matta.

Os números divulgados pela Seds mostram que, de 2005 a 2010, a taxa de assassinatos caiu de 19,8 para 15,8. A partir de então, porém, a tendência se inverteu. O mesmo se observa na região metropolitana, onde o indicador era de 45,7 em 2004, chegou a 28,3 em 2010, subiu para 34,3 em 2011 e manteve-se acima dos 30 no ano passado. A OMS considera aceitável a taxa de 10 homicídios a cada 100 mil habitantes. Acima disso, a violência passa a ser classificada como epidêmica.

PREVENÇÃO Na avaliação do coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas, Robson Sávio Reis, que integra o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, há duas razões principais para números tão altos. “Uma é o tráfico de drogas, que implica disputa entre gangues e mortes de jovens. Outra é a grande quantidade de armas disponíveis, o que permite que haja muitos crimes fúteis, de trânsito, passionais”, analisa.


Para Reis, os números indicam necessidade de investimento em prevenção. “Crimes contra o patrimônio são crimes de oportunidade. Isso mostra que diminuiu a efetividade de ação policial. A Polícia Militar age principalmente de modo repressivo, quando o crime aconteceu. É preciso haver mais investigação e monitoramento”, analisou.

Medidas O secretário estadual de Defesa Social, Rômulo Ferraz, informou que pretende aplicar cerca de R$ 400 milhões em obras e ações de ampliação do sistema de segurança em Minas, como a contratação de policiais e compra de viaturas. Além disso, mais de R$ 104 milhões serão investidor na Polícia Civil. Em março, 433 delegados devem chegar às 18 regiões integradas de segurança pública (Risps).

Segundo ele, foram abertos quatro concursos para contratação de 1.497 policiais, médicos-legistas, peritos criminais e outros funcionários administrativos. O governo também autorizou concurso com 3.975 vagas para a PM e 800 para soldados do Corpo de Bombeiros. “Em 2012, houve perda acelerada de efetivo, por causa de aposentadorias e reformas. É preciso repor essas baixas imediatamente”, disse.

Ferraz disse ainda que deve investir quase R$ 63 milhões na PM e outros R$ 49 milhões na aquisição de cerca de 800 câmeras de videomonitoramento, a serem distribuídas pelas cidades mais violentas. Ele informou que deve firmar em março um termo de cooperação com Paraná, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para combater o tráfico de drogas.
Divinópolis no topo da violência

O grande destaque negativo dass 29 cidades mineiras com mais de 100 mil habitantes, incluindo Belo Horizonte, foi Divinopólis, pólo do Centro-Oeste do estado. O município com cerca de 210 mil habitantes liderou a lista das cidades com o maior aumento percentual na taxa de crimes violentos para cada 100 mil pessoas, entre 2011 e 2012. O indicador aumentou 63%. Em números absolutos, em 2011, foram 588 registros e ano passado perto de 1 mil, alcançando 971 ocorrências. Já com relação à lista de crimes violentos contra o patrimônio, Divinópolis também aparece como recordista negativa. Entre 2011 e 2012, o aumento na taxa foi de 64%, deixando o município mais uma vez no topo do ranking.

No segundo lugar da lista que inclui crimes violentos, divulgada ontem pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) aparece Poços de Caldas, com cerca de 145 mil habitantes, no Sul de Minas. No município, a taxa de violência aumentou mais de 55%. Enquanto em 2011, para cada 100 mil moradores, foram 78,6 crimes violentos, em 2012, foram 122,5. Em números absolutos, 2011 fechou com 121 ocorrências, contra 190 em 2012. A cidade do Sul de Minas foi a que mais aumentou proporcionalmente o número de homicídios. Apesar de os números ainda serem baixos, o salto foi de dois assassinatos em 2011 para 12 ano passado. A taxa para cada 100 mil habitantes passou de 1,3 para 7,7, aumento de quase 500%.

No ranking das cinco cidades que mais aumentaram proporcionalmente os crimes violentos, estão Sete Lagoas, na Região Central, que aparece em terceiro lugar, Ibirité, na Grande BH, que vem na quarta posição, e Patos de Minas, no Alto Paranaíba, que fecha a lista em quinto lugar. O ranking mostra que o aumento proporcional não se restringiu a uma região específica, mas ocorreu em todo o estado.

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