sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Com reajuste da gasolina, álcool voltará a ser vantajoso

Combustíveis
ANP anunciou ontem que mistura do etanol vai subir de 20% para 25%
Publicado no Jornal OTEMPO em 18/01/2013

JULIANA GONTIJO
FOTO: ALEX DE JESUS/5.9.2012
Vantagem. Para valer a pena, o preço do etanol tem que custar até 70% do valor da gasolina, hoje, em Minas, a relação está em 74%
O aumento do preço da gasolina, previsto pelo governo federal, pode fazer o motorista voltar a abastecer com o etanol, desde que o combustível derivado da cana se mantenha no patamar atual de preço. A perspectiva do diretor de marketing e varejo da Ale, Júlio Paulon, é que a alta de 7% estimada por membros do Planalto chegue até as bombas dos postos de combustíveis com o mesmo percentual.

Hoje, em Minas Gerais, considerando a última apuração de preços da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o etanol custa 74% do preço da gasolina. O preço médio no Estado é de R$ 2,821 para a gasolina e de R$ 2,090 para o etanol. Para compensar usar o combustível derivado da cana, a paridade deve ser de até 70%.

Se a alta no preço da gasolina for mesmo de 7%, vai compensar abastecer com o etanol, já que a paridade frente a gasolina vai chegar a 69%, podendo cair mais, caso o preço do álcool entre em trajetória de queda quando a entressafra da cana acaba, lá para o mês de abril. Aliás, bastaria um aumento de 16 centavos ou 5,67% na gasolina para que etanol passe a ser uma opção para o motorista.

Paulon ressalta que o consumidor só vai trocar de combustível se compensar financeiramente. "Agora, se o etanol também subir, vai continuar tudo como está. Aliás, com o aumento da demanda pelo etanol, acredito que o mesmo vai acabar subindo", diz. Ontem, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard informou que o percentual de mistura do etanol na gasolina vai subir dos atuais 20% para 25% possivelmente em abril.

Paulon disse acreditar que, o combustível derivado da cana vai acompanhar a alta da gasolina. "Não há produto no mercado. Não tem como o etanol suprir o mercado nacional", observa.

A analista sênior do centro de inteligência em agronegócios da PwC, Vanessa Nardy, ressalta que a cotação do açúcar no mercado internacional, que está em queda, favorece a produção do etanol no país. "Com a recuperação da Índia e produção de outros países, a perspectiva é de super oferta no mercado internacional", diz. A especialista afirma que o mercado está preparado para um possível aumento da demanda do etanol.

Portanto, acredita que, após mais de dois anos, o álcool pode voltar a ser mais vantajoso do que a gasolina para os proprietários de veículos flex em Minas.





Produtores de cana comemoram aumento
A alta no preço da gasolina é uma boa notícia para os produtores de etanol, segundo o secretário-executivo interino da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos. "Vai tornar o combustível mais competitivo em relação à gasolina, mas isto não é o suficiente", ressalta.

Para ele, a elevação do teto da mistura de álcool na gasolina pode fazer com que os usineiros voltem a investir e dediquem parte da produção para o mercado de álcool combustível. "Queremos que o governo eleve de 20% para 25% a mistura do anidro na gasolina", diz. O governo pretende colocar a medida em prática, quando a colheita da safra de cana-de-açúcar estiver no seu auge.

Para Campos, o etanol é uma alternativa para o país, que nos últimos anos viu a frota de veículos crescer e vem importando gasolina. (JG)
Reajuste será menor que defasagem, diz associação
O governo federal vai adotar um percentual de correção da gasolina bem abaixo da real defasagem do preço do produto, que está congelado há quatro anos, segundo o secretário-executivo da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos. "A defasagem é de 15%, mas a correção deve ser bem menor", diz.

Ele ressalta que o aumento da gasolina tem reflexo nas contas da Petrobras e é estratégico para o controle da inflação.

O coordenador de MBA de gestão de negócios de petróleo e gás da Fundação Getúlio Vargas (FGV)/ IBS, Alberto Machado, observa que hoje, com os carros flex, o consumidor tem mais poder de escolha na hora de abastecer o seu carro. "Ele pode migrar para o etanol, se a gasolina ficar cara e não compensar. E pode mudar de novo, caso o etanol aumente", diz Machado. (JG)

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