quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Momento é bom para assinar a carteira Apesar das incertezas, oferta de vagas permanece em alta em Minas Gerais


Marta Vieira - Estado de Minas
Publicação: 03/01/2013 06:30 Atualização: 03/01/2013 07:34


Miguel Esteves saiu do posto do Ceper com entrevista marcada em empresa
Miguel Esteves saiu do posto do Ceper com entrevista marcada em empresa  (Cristina Horta/EM/D.A/Press)As empresas prestadoras de serviços e o comércio garantiram, ontem, a oferta de vagas nas principais agências de emprego da Grande Belo Horizonte, em meio a um começo de ano de muitas apostas e poucas certezas sobre a volta de um crescimento mais animador da economia brasileira. Na largada de 2013, oportunidades para vendedores, operadores de caixa e de telemarketing, profissionais da construção civil, a exemplo de pedreiros e carpinteiros, técnicos de mecânica, eletricistas e engenheiros civis ,puxam o ranking das propostas de contratação. Como no ano passado, a escassez de mão de obra mantém valorizados os salários de determinadas categorias profissionais, mas a barganha na hora de negociar com o patrão também exige alguma flexibilidade da parte do candidato, como disponibilidade de horários e o compromisso de se atualizar na função.

As 355 vagas oferecidas no primeiro dia do ano de funcionamento das agências do grupo Selpe em Belo Horizonte; Contagem, na Grande BH; Conselheiro Lafaiete, na Região Central de Minas Gerais; e Uberlândia, no Triângulo, representam um aumento de 50% da oferta em comparação com o registrado na entrada de 2012, informou o diretor de operações da empresa, Robson Barbosa. “Quem procura uma oportunidade precisa manter o currículo atualizado e mostrar que terá comprometimento com o trabalho”, afirma. Além da boa formação específica no cargo pleiteado, o trabalhador será mais bem-sucedido na procura por emprego se deixar clara a disposição de aprender cada vez mais e de se relacionar bem com o cliente.

As habilidades valem para todo o universo de vagas ofertadas, englobando gente com formação em ensino fundamental e médio a profissionais de nível superior, como supervisores e gerentes. Para Robson Barbosa, a tendência do mercado de trabalho em 2013 é de um número maior de oportunidades, com a expectativa de expansão da economia entre 3% e 4% – segundo apostam analistas de diversas empresas de consultoria – e a esperada retomada de investimentos dos setores público e privado.

A região metropolitana da capital mineira encerrou novembro com uma das menores taxas de desemprego, de 4,9% da chamada população economicamente ativa (a PEA é o conjunto de pessoas empregadas e à procura de trabalho), mas ainda conta 117 mil desempregados, conforme pesquisa da Fundação João Pinheiro (FJP), Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos e Secretaria de Estado do Trabalho e Emprego. Para o coordenador do levantamento pela FJP, Plínio de Campos Souza, é preciso cautela para avaliar o comportamento do emprego.

“Precisamos ver confirmadas as projeções de crescimento para a economia em 2013 e ainda assim promover uma redução da taxa de desemprego superior a 1% pode ser difícil”, afirma. O grande processo de inclusão de trabalhadores na economia formal que o país viveu nos últimos anos e a decisão dos jovens de retardar a entrada no mercado de trabalho para se dedicarem aos estudos são duas das explicações para o alerta.

Qualificação essencial Outro requisito que as empresas têm procurado impor na seleção de pessoal é a qualificação profissional dos candidatos, destaca Felipe de Assis, coordenador da unidade do Centro Estadual de Política de Emprego e Renda (Ceper) – “antigo Sine (Sistema Nacional de Emprego)” –na Floresta, Região Leste da capital mineira. A exigência só perde fôlego quando a escassez de mão de obra se sobrepõe.

“Para determinadas funções não encontramos candidatos. Se vier aqui na agência um armador de ferragens, soltamos foguete”, brinca Felipe de Assis. Oportunidades, de fato, não faltaram durante o ano passado para Miguel Oliveira Esteves, de 56 anos, quando ele decidiu trabalhar no setor para a própria família. Na manhã de ontem, ele voltou ao posto do Ceper na Floresta, desta vez interessado numa vaga na indústria automotiva, e saiu com a entrevista na empresa já marcada. No currículo, ele comprovou experiência na área. “O mercado está aberto para quem quer se qualificar sempre”, afirma.

O conselho é seguido pelo auxiliar de administração Valter Marques Ribeiro, 40 anos, que procura emprego há três meses. À espera de vaga já confirmada num curso gratuito de inglês, ele se inscreveu ontem para uma oportunidade como motorista até ter condições de se atualizar na função administrativa. “O trabalhador precisa de mais apoio para buscar se atualizar na profissão. Há poucas vagas e cursos gratuitos”, afirma.

Na Conape Recursos Humanos, pelo menos 300 oportunidades estavam abertas ontem para atender de office-boys a gerentes de nível superior. Segundo o diretor da empresa José Carlos Teixeira, a qualificação é essencial até mesmo para funções de menor complexidade, como por exemplo na atividade de faxina. Ele acredita que 2013 trará mais estímulos ao crescimento da economia e do emprego. “A desoneração da folha de pessoal das empresas ajuda e há promessa de redução de impostos, mas também dependemos dos rumos da crise mundial”, afirma.

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