sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O problema da concentração de riqueza nas mãos de poucas pessoas

04/01/2013 07:25 - Atualizado em 04/01/2013 07:25

Do Hoje em Dia


O que ocorreu no ano passado com o empresário brasileiro Eike Batista, cuja fortuna diminuiu em US$ 10,1 bilhões, em valor de mercado, conforme a agência de notícias Bloomberg, é quase exceção entre os bilionários. Entre as cem pessoas mais ricas do mundo, só 16 perderam em 2012. As outras ganharam, no total, US$ 241 bilhões. A fortuna dessa centena de pessoas somava no dia 31 de dezembro US$ 1,9 trilhão.

Para avaliar melhor a extensão do problema da concentração de riqueza nas mãos de poucas pessoas: o Brasil, com 194 milhões de habitantes e em sexto lugar entre os países mais ricos, tinha em meados do ano passado um Produto Interno Bruto (PIB) maior em apenas US$ 500 bilhões do que a riqueza de uma centena de afortunados. O aumento da fortuna dos cem mais ricos do mundo equivale à soma dos gastos da Espanha – um dos países mais afetados pela crise –, com aposentadorias, benefícios sociais, seguro-desemprego e saúde, em 2012.

É notável que a concentração extraordinária de riqueza tenha ocorrido num ano em que a população mundial continuava sofrendo os efeitos avassaladores da crise financeira que eclodiu em 2008. Ao contrário dos bilionários que ficaram ainda mais ricos, os Estados Unidos precisam cortar gastos públicos para não cair no abismo fiscal. O país mais rico tem uma dívida de US$ 16,4 trilhões. Com o acordo arrancado do Congresso pelo presidente Barack Obama, insuficiente para resolver o problema, os cidadãos americanos mais ricos – ou seja, aqueles que ganham mais de US$ 400 mil por ano – vão pagar no total, ao longo de 10 anos, US$ 620 bilhões a mais de impostos. O perigo de cair no abismo não foi afastado.

Os governos da maioria dos países enfrentam enorme dificuldade quando tentam aumentar a distribuição da renda mediante maior tributação dos mais ricos. É o nosso caso. Estudo recente da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) revelou que o Brasil é o país da América Latina com o maior número de bilionários e só perde para o México como o que menos tributa o patrimônio. A arrecadação com esse tipo de imposto não chega a 0,5% do PIB. O mexicano Carlos Slim, homem mais rico do mundo, com fortuna avaliada em US$ 75,2 bilhões, não por acaso, vem aumentando seus negócios no Brasil, com investimentos bilionários na Claro e na Embratel.

Reduzir tanta desigualdade no mundo é uma tarefa para os governos em todos os países. Se vão conseguir, é outra história.

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