segunda-feira, 29 de abril de 2013

Evangélicos são mais `unidos´ e crescem nas casas legislativas

Números
Na Assembleia de Minas, o número de parlamentares religiosos é menor
Publicado no Jornal OTEMPO em 29/04/2013

ISABELLA LACERDA
Apesar de a população católica ser maioria em todo o país, o crescimento do número de seguidores das religiões evangélicas é evidente. O fato vem se refletindo também em outros Legislativos pelo país. Na Assembleia de Minas e na Câmara Municipal de Belo Horizonte, as bancadas evangélicas têm se mobilizado para representar seu eleitorado.
De acordo com o Censo de 2010, 25% da população de Belo Horizonte é de evangélicos. Já no Legislativo da capital, considerando o universo de 41 vereadores, nove são evangélicos - 21% dos parlamentares -, o que indica que a representatividade no Legislativo municipal está muito próxima da realidade.
Apesar de não haver na Câmara uma bancada oficial de evangélicos, é comum os vereadores dessa religião votarem de forma conjunta e se unirem para a defesa de interesses comuns.
Pastor e superintendente da Igreja do Evangelho Quadrangular, o vereador Autair Gomes (PSC), afirma que seus colegas sabem separar a fé da política. "Mas você não consegue desvencilhar a política dos seus princípios. Por isso, muitas vezes, votamos e defendemos juntos alguns projetos", argumentou.
Na mesma linha, o vereador eleito para o primeiro mandato, Juliano Lopes (PSDC), da Igreja Batista, é enfático ao afirmar que "a Câmara é laica". "Acredito que os vereadores não podem legislar pensando na sua religião. A Câmara, a prefeitura, a Assembleia, essas instituições têm a obrigação de serem laicas", disse.
Existem apenas dois católicos atuantes na Casa e que desenvolvem ações voltadas para a religião: Adriano Ventura (PT), que atua na Pastoral da Criança e Orlei (PTdoB), ministro da Eucaristia na igreja do bairro Padre Eustáquio.
ESTADO. Na Assembleia mineira, a relação entre a população evangélica e a sua bancada expressa pouca representatividade.
Enquanto a população mineira, segundo o Censo 2010, é composta por 20,1% de evangélicos, são apenas cinco (6%) os deputados estaduais declaradamente atuantes nessa religião.
Diferentemente de outros Estados, não existe na Casa uma bancada evangélica. Mesmo assim, os parlamentares também atuam de forma conjunta.
"Não há bancada porque nunca tivemos uma reunião. Cada um está muito mais ligado ao seu partido do que à sua orientação religiosa. Mas, ainda assim, defendemos juntos os interesses do nosso público", diz o deputado estadual e integrante da Igreja Batista, João Leite (PSDB).

Atuação
Católicos são menos militantes em ações nos Parlamentos
Em quase todas as Assembleias Legislativas do Brasil, o número de deputados evangélicos cuja atuação política é marcada por sua religião é bem maior que o de católicos.
Dos Estados mais ricos e populosos, o Rio de Janeiro é o que tem a maior fatia de evangélicos militantes em sua Assembleia. São 21%, percentual próximo dos 29% da população. Já no Legislativo de São Paulo, são 11% de deputados dessa religião para 24% de habitantes declararam com a mesma orientação, de acordo com o Censo de 2010.
A região Norte é a que tem as maiores porcentagens de religiosos. A Assembleia Legislativa do Acre apresenta a maior proporção de evangélicos do país: 33% de seus parlamentares. Essa é exatamente a fatia de seguidores da religião na população. O Legislativo do Amapá vem em segundo lugar: 25% dos deputados são evangélicos, que representam 28% da população.
Rondônia, com 17% de deputados evangélicos militantes, e o Pará, com 12%, aparecem em seguida. Mato Grosso do Sul, Paraná, Distrito Federal, Goiás e Espírito Santo também se destacam.
Em contraste, não foram detectados deputados cuja fé católica tenham influência relevante na atuação política, expressa em projetos e outras iniciativas, em 13 parlamentos estaduais do país.
Federais
Minas Gerais tem cinco integrantes
Na Câmara Federal, cinco deputados mineiros são evangélicos atuantes. Ou seja, dos 53 representantes de Minas no Legislativo federal, 10% integram a Frente Parlamentar Mista Evangélica e da Família da Casa.
Dr. Grilo (PSL) é da Igreja Internacional da Graça, George Hilton (PRB) pertence à Igreja Universal do Reino De Deus, Lincoln Portela (PR) é pastor, enquanto Leonardo Quintão (PMDB) atua na Igreja Presbiteriana. Walter Tosta (PSD), por sua vez, é membro efetivo do grupo evangélico.
Na Câmara dos Deputados, em um universo de 513 deputados federais de todo o país, 72 parlamentares são declaradamente membros da bancada evangélica, incluindo o polêmico pastor presidente da Comissão de Direitos Humanos, Marco Feliciano (PSC-SP). Eles desenvolvem trabalhos voltados para a valorização da família. (IL)

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