segunda-feira, 29 de abril de 2013

Projeto de lei pode mudar o nome do Mineirão e outros ponto de BH

29/04/2013 17:06 - Atualizado em 29/04/2013 17:06

Hoje em Dia*


Marcelo Prates
mineirão
Estádio pode ter um novo nome, já que o atual remete a suposto envolvido com o Golpe Militar de 1964
Um Projeto de Lei em discussão na Assembleia Leislativa de Minas Gerais (ALMG) pode mudar nomes de importantes pontos de Belo Horizonte, como por exemplo, o Mineirão. A proposta discutida nesta segunda-feira (29) na Comissão de Direitos Humanos quer trocar os nomes de espaços e bens públicos ligados à ditadura militar, que se iniciou no Brasil em 1964 e acabou, de fato, em 1989, com o retorno das eleições diretas no país. A autoria do PL 3.795/13 é do deputado Paulo Lamac (PT) e propõe um levantamento de todos os locais cuja nominação seja contemplada.
A matéria foi colocada em pauta em audiência pública com entidades que reivindicam o esclarecimento de acontecimentos nos "porões da ditadura", sobretudo ligados à tortura de pessoas contrárias ao regime.
Caso o projeto seja aprovado, diversos locais poderão ter seus nomes alterados, como é o caso do Estádio Governador Magalhães Pinto. O homenageado é considerado por muitos como um dos articuladores do golpe, além de ter supostamente comandado um massacre em Ipatinga, no Valie do Aço. Além disso, o viaduto Castelo Branco, em homenagem ao primeiro general a governar o Brasil durante os "Anos de Chumbo" também teria seu nome alterado.
A representante da Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça, Heloísa Greco, lembrou que muitas praças, prédios e vias públicas foram nomeadas em homenagem a torturadores militares durante o período autoritário e que a revisão sistemática proposta por Paulo Lamac é essencial.
“Senão corremos o risco de homenagear outros torturadores, de outros tempos que não a ditadura militar, mesmo os de agora, da época em que vivemos”, disse. Para representante do Movimento Levante Popular da Juventude, Renan de Carvalho Santos,"Trata-se de uma oprtunidade de se discutir a história e o projeto de país para o futuro", afirmou.
Para amenizar um possível desconforto da população com a mudança de locais reconhecidos, o deputado Nilmário Miranda (PT¨) sugere que audiências sejam realizadas nos locais, como uma forma de aproximar a população das discussões. “É importante que as pessoas saibam o porquê da mudança e participem da escolha do novo nome”, disse.
O deputado Paulo Lamac, autor do projeto, acatou essa sugestão e a de Heloísa Greco, que propôs que a substituição se desse pelo nome de uma pessoa que sofreu com a repressão da ditadura. “Não estamos inventando a roda. Todos os países que passaram por regimes autoritários tiveram que prestar contas do seu passado em algum momento”, disse Lamac. Ele lembrou o caso de Ciudad del Este, no Paraguai. O município, que faz fronteira com a cidade brasileira de Foz do Iguaçu, era chamado de Presidente Stroessner, em homenagem ao ditador que governou aquele país por três décadas. O nome foi trocado, em plebiscito popular, logo após ele ser deposto, em 1989.
Projeto foi considerado inconstitucional
O PL 3.795/ 13 já está sendo analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e seu relator, o deputado Gustavo Perrella (PDT), opinou pela inconstitucionalidade, ilegalidade e antijuridicidade da proposta. O parecer, entretanto, ainda não foi votado porque o deputado André Quintão (PT) pediu vista. O principal argumento de Perrella para não aprovar a proposta é que ela não traz inovação à norma em vigor e, por isso, é desnecessária. De acordo com ele, a Lei 13.408, de 1999, já exige que as pessoas a serem homenageadas apresentem predicados positivos como condição para que seus nomes possam denominar bens públicos estaduais.
A comissão enviará correspondência para a CCJ para sugerir que o projeto seja aprovado e para o presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), para que ele seja colocado na pauta do Plenário assim que terminar sua tramitação nas comissões. Ambas as correspondências serão acompanhadas das notas taquigráficas da audiência pública.
(*)com informações da ALMG

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