Agência Estado
Ilustração: Google Images |
A
Polícia Civil do Rio utiliza em suas operações uma metralhadora MAG, de
fabricação belga, calibre 7.62, cujo uso por órgãos de segurança
pública é permitido apenas às polícias federal e militar estaduais. De
acordo com o Exército, que regula e fiscaliza a compra e emprego de
armas em todo o País, as Polícias Civis não têm autorização para
utilizar este modelo de armamento, cuja capacidade de disparo varia de
650 a mil tiros por minuto.
O
uso foi admitido nesta segunda-feira, 13, pelo subchefe Operacional da
Polícia Civil, delegado Fernando Veloso, em entrevista coletiva
convocada para explicar quais procedimentos serão adotados após o
vazamento para a imprensa de vídeos de duas operações que mostram
supostas irregularidades cometidas por policiais da Coordenadoria de
Recursos Especiais (Core).
"O
emprego da MAG não é novidade pelas polícias do Estado do Rio. Neste
caso, a arma foi cedida pela Polícia Federal num ato de cooperação
visando à captura do (traficante) Matemático. A PF tinha uma
investigação sobre o paradeiro dele e pediu que a Polícia Civil desse
apoio aéreo, e a PM, apoio terrestre. Além disso, o calibre 7.62 da MAG é
compatível com o de armas usadas pelas forças de segurança do Rio",
afirmou Veloso.
O
Exército não respondeu ao questionamento da reportagem sobre que
medidas serão tomadas pela instituição para investigar e punir o uso
irregular da metralhadora pela Polícia Civil fluminense.
Em
5 de maio, o "Fantástico", da TV Globo, exibiu imagens de uma operação
na Favela da Coreia, também na zona oeste, que resultou na morte do
traficante Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, em 11 de maio de
2012. O vídeo mostra os agentes atirando de um helicóptero contra um
carro onde estava o bandido, apesar de haver várias casas, prédios e
pedestres na linha de tiro. A MAG estava sendo usada no helicóptero.
E
no último sábado, 11, o jornal Extra divulgou imagens de um confronto
entre agentes e traficantes na Favela do Rola, zona oeste da capital, em
16 de agosto de 2012, que terminou na morte de cinco homens. Uma das
vítimas, que estava desarmada, aparece sendo carregada por policiais
para um bar, conhecido reduto de traficantes da favela. O objetivo,
segundo o jornal, seria forjar um auto de resistência (morte em
confronto com a polícia).
A
chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, admitiu nesta
segunda-feira que, apesar de a instituição possuir o equipamento que
filma as operações aéreas desde 2010, ainda não há um protocolo que
regulamente sua utilização, armazenamento e análise de imagens geradas.
Ela estipulou prazo de 30 dias para uma comissão propor uma norma.
Dos
cinco mortos na operação na Favela do Rola, dois não tinham
antecedentes criminais: Douglas Vinícius da Silva, de 22 anos, e Silas
Rosa Guimarães, de 26. A polícia não informou se o homem que aparece
sendo carregado pelos agentes da Core é um destes. A identificação dos
policiais também não foi divulgada.
A
investigação dos cinco homicídios provenientes de auto de resistência
foi transferida da 36ª DP (Santa Cruz) para a Corregedoria. Todos os
policiais da Core que participaram da operação serão novamente ouvidos.
"O objetivo é individualizar a conduta de cada agente. Somente após
isso, vamos decidir se algum servidor será afastado disciplinarmente",
disse o delegado-corregedor Glaudiston Galeano.
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