terça-feira, 21 de maio de 2013

Automedicação pode causar danos a órgãos e exigir transplante

Saúde

Maria das Graças Barros, 68, critica atendimento médico
Sem controlePUBLICADO EM 20/05/13 - 3h0
O hábito de tomar remédios sem recomendações médicas pode trazer sérios prejuízos à saúde do fígado. O órgão é responsável por processar essas substâncias e acaba sobrecarregado quando a dosagem não é a adequada. A intoxicação e até a morte do fígado são possibilidades.
O alerta vem em um artigo que o professor do Departamento de Morfologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Gustavo Menezes escreveu junto com os alunos Pedro Elias Marques e André Gustavo Oliveira. O texto trata de remédios de fácil acesso, utilizados, por exemplo, para dor de cabeça, cólica ou resfriados, e as pesquisas do professor são focadas no paracetamol, princípio ativo presente em muitos desses medicamentos.
“É um analgésico antitérmico vendido amplamente em farmácia e sem receita, presente na maioria dos antigripais”, diz Menezes. O professor também destaca que ele é indicado para mulheres grávidas ou em amamentação e em casos de dengue.
“O alerta maior é para que as pessoas acreditem que, mesmo um medicamento muito seguro, não deve ser usado da maneira que a pessoa acha. Quem toma não deve ouvir fóruns de internet, conselhos de pessoas que não sejam o médico. Isso é muito perigoso”, resume Menezes.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, regional Minas Gerais, Breno Figueiredo Gomes, a intoxicação está entre os principais riscos da automedicação. Ele também alerta para a intensificação dos efeitos colaterais, como ocorre no caso de superdosagem e mistura de medicamentos. Além disso, quando há a automedicação, muitas vezes, a pessoa acaba tomando o remédio errado.
A empresária Maria das Graças Barros, 68, é adepta da automedicação. Ela diz que tem consciência de que não deveria tomar remédios sem indicação médica, mas conta que a insatisfação com o sistema de saúde faz com que ela evite procurar o profissional. “Uma vez, tive herpes no quadril, uma doença séria, e fiquei quatro horas na sala de espera. Então, quando tenho uma dor de cabeça, já tomo o remédio”, diz.
Ela também conta que, durante o surto de dengue, a filha levou o neto com suspeita da doença para uma unidade de saúde. “O hospital estava um caos. A própria enfermeira chamou ela e falou: ‘Volta para casa, trata ele com paracetamol e hidrata muito’. Minha filha fez isso”.
Em caso de intoxicação
Gustavo Menezes, pesquisador da UFMG, relata os principais sintomas no caso de intoxicação por medicamentos:
- Confusão mental.
- Dores abdominais.
- Modificação da cor da pele para um tom amarelado (sinal de que o fígado não está metabolizando o remédio corretamente).
O médico Breno Figueiredo Gomes explica o que fazer nessas situações:
- Não forçar vômito (se necessário, deverá ser feito no ambiente hospitalar).
- Procurar o serviço de emergência médica imediatamente.
- Se possível, levar a embalagem do remédio ingerido, para que os médicos saibam como neutralizá-lo.

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