Patrícia Scalzer | pcscalzer@redegazeta.com.br
Rádio CBN Vitória (93,5 FM)
Foto: Reprodução | Youtube
Policiais levam choque durante treinamento da Rotam
A divulgação de um vídeo que mostra policiais militares
recebendo uma descarga elétrica de uma arma não-letal durante
treinamento provocou polêmica. As imagens mostram oitos policiais da
Ronda Ostensiva Tática Motorizada (Rotam) participando do treinamento e,
em determinado momento, são colocados sentados em fileira, de braços
dados, sendo que os dois policiais da ponta seguram fios ligados a uma
arma de choque. No momento da descarga elétrica, todos caem para trás.
O
resultado foram quatro alunos que passaram mal, sendo que um deles
continua afastado das funções na polícia até hoje. Apesar de parecer
agressivo, o comandante geral da Polícia Militar do Espírito Santo,
coronel Ronalt Willian, afirma que a descarga da arma elétrica não
oferece risco à pessoa. Ele explica que o choque não faz parte do
treinamento, mas consta da aplicação para experiência dos alunos de
readaptação na Academia da Polícia Militar, em Cariacica.
“Isso é algo previsível e não atinge a
esfera da disciplina e da legalidade. Também não comprometia a segurança
daquele que recebeu a descarga elétrica, mesmo porque, a construção
desse armamento é justamente para evitar que seja utilizado armamento
letal”, explica. O comandante disse ainda que todos os policiais
receberam o choque de forma voluntária, como parte do aprendizado.
“Aquelas pessoas que se voluntariaram, fizeram isso para saber o que
poderia acontecer com o indivíduo que recebesse a descarga”, diz.
Para o presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia
Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo, Flávio Gava, o ato durante
o treinamento não configura abuso. “É um procedimento normal do curso.
As pessoas se submetem de maneira voluntária a conhecer o funcionamento
daquele equipamento. Com isso eles têm noção da força do equipamento e a
necessidade de usá-lo em uma ocorrência”, explica.
Gava disse que conversou com policias que participaram do curso há
dois meses e todos disseram que o procedimento é algo normal. Ele
explicou que o policial que aparece no vídeo se sentindo mal depois do
choque, já estava com problemas na coluna, o que o impediu de se
levantar. “O problema dele não foi causado pelo curso. Ele já tinha um
problema de coluna anterior e no momento em que o colega do lado puxa o
braço dele, ele sente uma lesão que ele já tinha na coluna”, afirma.
Gava explica que a descarga da arma só é letal caso a pessoa use
marcapasso ou receba várias descargas elétricas. Ele disse ainda que a
associação sempre denuncia quando se depara com situações irregulares,
mas neste caso, segundo ele, o procedimento é normal. O vídeo do
treinamento foi divulgado por um soldado da Rotam, que participou da
ação, mas prefere não ser identificado, com medo de sofrer represálias.
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