terça-feira, 7 de maio de 2013

Invasão a todo vapor à beira das rodovias na lista da duplicação

Ernesto Braga - Hoje em Dia


Frederico Haikal/Hoje em Dia
Invasão a todo vapor à beira das rodovias na lista da duplicação
Invasões têm sido feitas por algumas famílias que visam indenizações futuras com duplicação das BR's
O barraco de madeira em que a irmã de Cleiton Camargos, de 29 anos, morava na Vila da Luz, região Nordeste de Belo Horizonte, está sendo substituído por um de tijolos. O imóvel fica na confluência do Anel Rodoviário com a BR-381, na saída para Vitória, onde haverá desapropriações para obras de duplicação da rodovia federal.
O próprio Cleiton está erguendo a casa. “A indenização será de acordo com o tamanho do barraco, o acabamento e o que o dono gastou na obra. Minha irmã tem filho pequeno e precisa receber um valor maior”, disse o rapaz, justificando a nova construção.
Sem fiscalização do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), novos imóveis estão surgindo na Vila da Luz, bem como benfeitorias nos barracos antigos. Moradores confirmam que os proprietários almejam indenizações maiores quando forem desapropriados.
Em frente à casa da irmã de Cleiton, paredes são rebocadas para o funcionamento de um bar. “Só não melhoro meu barraco porque não tenho dinheiro”, afirma a dona de casa Rosilene Desidéria, de 41 anos.
Alicerces recém-construídos comprovam o crescimento do número de moradias no local. “Há pelo menos dez novas casas só nessa parte da Vila da Luz”, diz um morador de 15 anos.
Concessão
Os inspetores Alexandre Verona e Wanderson Meireles fazem parte da comissão de obras da 4ª Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Eles acompanham o desenrolar do Programa de Concessão de Rodovias, anunciado no ano passado pelo governo federal. Em Minas, está prevista a duplicação de mais de 3 mil quilômetros, em cinco rodovias (BRs 262, 040, 153, 116 e 050).
Os inspetores afirmam desconhecer casos de invasões às margens dessas rodovias por interessados nas indenizações relacionadas às futuras obras. No entanto, reconhecem que irregularidades são frequentes. “São colocadas cercas para aumentar a área da fazenda, há apropriação indevida de áreas por postos de combustíveis e construção de bares, seja por desconhecimento ou má-fé”, avalia Meireles.
As BRs, que têm faixas de domínio que variam entre 5 e 50 metros de largura, pertencem à União, ficando vedada qualquer tipo de construção nesse espaço. “A competência da fiscalização é do Dnit. A PRF não tem poder de embargar obras, mas toda situação flagrada é comunicada ao departamento”, disse o inspetor.
BR-040
A dona de casa Maria Rosa, de 52 anos, mora há 22 em uma área invadida próximo à BR-040, na Vila Marques, em Congonhas, na região Central. Em frente às casas de vizinhos dela, há pilhas de tijolos e montes de areia. “As melhorias dão mais conforto e valorizam os imóveis em uma possível indenização”, disse.

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