Via Blog Alferes
Militares aprenderam como abordar os participantes |
A Parada Gay é
um evento extravagante. As alegorias das boates vão para as ruas e
milhares de frequentadores vestem trajes chamativos, numa festa em que
carnaval e política se misturam na Avenida Paulista. Cabe ao policial
militar evitar a “síndrome do cutucão”, ou seja, ele não deve dar aquela
cotoveladinha indiscreta no parceiro ao lado para que os dois deem
risada de quem passa.
No
Comando-Geral da Polícia Militar, nesta terça-feira, 28, durante uma
hora, o advogado Dimitri Sales, do Instituto Latino-Americano de
Direitos Humanos, deu dicas a cerca de 90 oficiais que atuam na região
central de São Paulo sobre como trabalhar neste domingo na Parada, além
de discutir com eles sobre diversidade sexual e a homossexualidade.
No bate-papo
com os PMs, o advogado, um dos protagonistas dos 17 anos de Parada Gay,
explicou que tanto os travestis como os transexuais preferem ser
chamados pelos seus nomes femininos. “O órgão sexual não define o gênero
da pessoa. Um homem pode se sentir uma mulher e o ideal, caso seja
necessário, é perguntar antes o nome que a pessoa prefere ser chamada”,
disse.
Segundo ele, o
mesmo vale para as revistas. Os transexuais e os travestis, segundo ele
explicou à reportagem, devem ser revistados por PMs femininos. “Mas,
como o efetivo masculino é muito maior, às vezes o homem acaba sendo o
responsável pela revista”, diz.
O coronel
Reynaldo Simões Rossi, do Comando de Policiamento do Centro, responsável
pelo policiamento da Parada Gay, entrou no clima “friendly” da
palestra. Apontando para os oficiais fardados, disse que a diversidade
sexual entre os ouvintes também era grande, para sentenciar: “O papel da
polícia democrática é garantir que todos tenham o direito de manifestar
ostensivamente sua orientação sexual e voltar com sua integridade
física e patrimonial para casa”.
Um dos oficiais
explicou ainda que o policial precisa ter jogo de cintura e bom humor
no patrulhamento, já que recebe muitos beliscões dos frequentadores,
atraídos pelo fetiche exercido pelo fardamento.
Além das dicas,
na palestra os oficiais ouviram também explicações sobre a
homossexualidade. “É quando seu pescoço vira. Se vira quando passa um
homem, é bem possível que você seja gay”, brincou.
Dimitri ainda
explicou que “opção sexual” é um termo equivocado. “Não se trata de uma
questão de escolha. Ninguém escolheria ser o motivo de chacota nos
colégios, nos programas humorísticas, ser injuriado e diminuído todos os
dias de sua vida”, explicou aos PMs, que depois aplaudiram o advogado.
Fonte: Agência Estado
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