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"Toru Hashimoto"
O
prefeito de Osaka, no Japão, causou polêmica ao dizer que o sistema que
forçou milhares de mulheres de outros países a se prostituirem durante a
Segunda Guerra Mundial para atender soldados japoneses foi
'necessário'.
Durante o conflito, cerca de 200 mil mulheres de
territórios ocupados pelo Japão foram obrigadas a atuar como escravas
sexuais para soldados do Exército japonês. A maioria era da China e da
Coreia, mas também havia mulheres das Filipinas e da Indonésia.
Toru
Hashimoto disse que as 'mulheres de conforto', como ficaram conhecidas,
deram aos soldados japoneses uma 'chance para relaxar'.
O
prefeito disse que naquelas circunstâncias, 'em que balas voavam como
chuva e vento, os soldados corriam o risco de perder suas vidas'. 'Para
que eles descansassem, um esquema de mulheres de conforto era
necessário. Qualquer um pode entender isso.'
Nacionalista
Hashimoto
é cofundador do partido nacionalista japonês Restauração, que tem
poucos assentos no Parlamento e não faz parte do governo.
Ele foi o
governador mais jovem da história do Japão antes de se tornar prefeito
de Osaka. No ano passado, ele já havia causado polêmica quando disse que
o Japão precisava de uma 'ditadura'.
Hashimoto reconheceu que as
mulheres eram forçadas a ser escravas sexuais contra sua vontade. Mas
ele lembrou que o Japão não foi o único país a usar o sistema, apesar de
ser 'responsável por suas ações'.
O prefeito de Osaka disse
também que concordou com um pronunciamento do ex-primeiro-ministro
japonês Tomiichi Murayama, que em 1995 se desculpou pelas ações do Japão
na Ásia durante a guerra.
Tensão regional
A forma como o
governo do Japão interpreta sua participação do país na Segunda Guerra
sempre foi fonte de tensão com os vizinhos e, após o pronunciamento de
Hashimoto, uma autoridade sul-coreana expressou sua 'profunda decepção'.
'Há
um reconhecimento internacional de que a questão das 'mulheres de
conforto' remonta a casos de estupro cometidos pelo Japão durante seu
passado imperial, em uma série de violações de direitos humanos', disse
um porta-voz do ministério das Relaçes Exteriores da Coreia do Sul à
agência de notícias AFP.
Nesta terça-feira, membros do governo
japonês tentaram se distanciar dos comentários do prefeito Hashimoto. O
porta-voz do governo japonês Yoshihide Suga não quis comentar
diretamente o episódio, reiterando que o governo 'sente por pessoas que
passaram por momentos difíceis, que são impossíveis de descrever'.
Em
1993, o Japão emitiu um pedido de desculpas pela 'dor imensurável e o
sofrimento causado às mulheres de conforto'. Em 1995, o país também se
desculpou por suas agressões durante a guerra.
No mês passado, o
primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, causou revolta na China e na
Coreia do Sul ao sugerir que seu país não iria mais reconhecer seus
próprios pedidos de desculpa de 1995.
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