14/6/2013 às 13h09 (Atualizado em 14/6/2013 às 13h22)
Manifestação desta quinta-feira foi a quarta este mês e deixou mais cem feridos
Governador diz que PM trabalha para proteger manifestantes
Diogo Moreira/Frame/Estadão
O governador Geraldo Alckmin defendeu nesta sexta-feira (17), durante
entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, a ação da Polícia
Militar ontem, para conter um protesto contra o aumento das passagem do
transporte público na capital paulista. Alckmin disse que a polícia
sempre trabalha para proteger os manifestantes.
O governador declarou que o que foi visto ontem foram “atos de
vandalismo e violência, deixando rastros de destruição”. Ele disse ainda
que o que está ocorrendo é um movimento político. O governador citou
como exemplo Santos, cidade onde não houve reajuste no valor das
passagens, mas que também teve manifestação.
— O que caracteriza um movimento político.
O protesto, que reuniu 5.000 pessoas segundo a PM (Polícia Militar), foi o quarto dia desde o dia 6.
Em todas as manifestações houve confronto com a polícia e depredações
por parte dos manifestantes. A força tática usou bombas de gás e balas
de borracha. De acordo com a Polícia Civil, 232 pessoas foram detidas e
desse total quatro pessoas permanecem presas e foram transferidas para
um Centro de Detenção Provisória.
Alckmin informou também que as corregedorias vão apurar qualquer abuso
que tenha sido cometido pela polícia no protesto de ontem na capital.
Profissionais feridos
Ao menos 16 profissionais da imprensa ficaram feridos.
A reportagem do Estado, que se identificou antes da ação, também foi
alvo dos PMs. Os repórteres Bruno Ribeiro e Renato Vieira foram
atingidos por bombas de gás. O fotógrafo da Folha de S. Paulo Fábio
Braga foi alvo de três disparos.
— A polícia mirou em cima de mim.
O fotógrafo Sérgio Silva, da Futura Press, também foi atingido com um
tiro de borracha em um dos olhos. Ele passou por cirurgia no Hospital
Nove de Julho e tem 90% de risco de perder a visão. Sete jornalistas da Folha de S. Paulo ficaram feridos.
Movimento Passe Livre
Os quatro protestos que pararam São Paulo, nos últimos dias, são organizados pelo Movimento Passe Livre.
O MPL tem como principal bandeira a mudança do sistema de transporte
das cidades da iniciativa privada para um modelo público, "garantindo o
acesso universal através do passe livre para todas as camadas da
população". O movimento calcula que 37 milhões de brasileiros deixam de
se utilizar do transporte público por não poder arcar com o custo das
passagens.
Na prática, o MPL quer que o transporte público seja gratuito.
Portanto, a briga não é somente contra o aumento de R$ 0,20 na tarifa do
transporte coletivo em São Paulo — de R$ 3,00 para R$ 3,20. Sua carta
de princípios diz que “o MPL deve ter como perspectiva a mobilização dos
jovens e trabalhadores pela expropriação do transporte coletivo,
retirando-o da iniciativa privada, sem indenização, colocando-o sob o
controle dos trabalhadores e da população”.
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