Por Redação em | 30.08.2013 às 14h26
Nos Estados Unidos, prisioneiros federais são completamente proibidos de acessar a internet.
Boa parte das pessoas que estão cumprindo longas penas nessas prisões
nunca ficou online. Na verdade, alguns presos até conseguiram se
conectar usando telefones contrabandeados ilegalmente, mas a maioria
deles nunca experimentou um smartphone, aplicativos ou mensagens instantâneas.
Twitter,
Facebook e YouTube ainda são conceitos vagos. Instagram? Não fazem
ideia do que se trata. Eles ouvem falar a respeito dessas coisas por
meio de suas visitas e até mesmo pela televisão, mas é difícil tentar
imaginar exatamente o que são todas essas coisas e a influência que elas
têm sobre o mundo.
Os defensores do mundo offline dentro das
prisões alegam questões de segurança, enquanto os oponentes dizem que
isso é um grande obstáculo para a reintegração bem sucedida dos presos,
uma vez que eles forem liberados. Independente das opiniões e da lei,
você consegue imaginar um adulto que, em 2013, não tem ideia do que é a internet? Justine Sharrock, do BuzzFeed, também
não conseguia imaginar essa situação, e por isso resolveu ir até a
Penitenciária Estadual de San Quentin, na Califórnia, e perguntar para
os próprios presos o que eles acham que é a tal web.
Cerca de 4 mil detentos dessa penitenciária estadual na Califórnia têm acesso a um programa chamado "The Last Mile",
onde os participantes selecionados são capacitados para um eventual
emprego ou estágio no setor de tecnologia do Vale do Silício. O programa
fornece informações para aumentar o conhecimento dos presos e
conscientizá-los sobre o papel dos meios de comunicação sociais. Embora
eles não fiquem conectados, essa compreensão básica sobre a internet tornou mais fácil para eles articular sobre suas impressões acerca da web.
Confira algumas respostas sobre o que os presos achavam da internet antes de terem uma explicação teórica sobre ela no programa The Last Mile:
"Eu
nunca vi a internet pessoalmente. Eu estou preso desde 1997. CDs foram
um grande negócio. Eu sabia que a internet era chamada de supervia da
informação por um motivo, mas eu não tinha ideia de como a sociedade
realmente está conectada pela internet. Eu não entendia o quão grande e nova ela é. É um nome global que mudou o mundo.
Eu posso imaginar a informação oferecida pela internet
quando ela era pesquisada, apenas com uma ferramenta. Se você tivesse
me perguntado o que é uma URL, eu simplesmente olharia para você.
Imagino que um app é um botão que pode ser pressionado em seu telefone,
mas sem um conceito claro sobre o que ele realmente faz".
– Tommy Winfrey, 35 anos, entrou na prisão em 1997 e é elegível para liberdade condicional somente após os 25 anos de prisão.
"Eu tenho visto propagandas de ambos, a internet e os aplicativos, na televisão, mas eu nunca prestei muita atenção em seu uso. Eu nunca pensei em seu significado. Eu
estava complentamente no escuro a respeito de seu propósito. Eu pensei
que eles [apps e internet] eram apenas locais para as pessoas se
socializarem e passarem seu tempo ocioso".
– Jorge Heredia, 37 anos, entrou na prisão em 1998.
"Eu
imaginava a web como um espaço infinito preenchido com informações
sobre tudo o que existe abaixo do sol. Eu estava confuso sobre como você
passava de uma informação para outra, e eu era ignorante em termos da
linguagem usada para descrever tudo...
Os aspectos
técnicos me fazem pensar 'hmmmm?'Eu percebo que tudo está andando rápido
demais e se movendo em direção a mobilidade, por isso muitas vezes
pergunto sobre quem está fazendo tudo isso e onde tudo isso está
acontecendo".
– Chrisfino Kenyatta Leal, 44 anos, entrou na prisão em 1994.
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