quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O final do voto secreto e a corrupção na política

28/11/2013 07:26 - Atualizado em 28/11/2013 07:26

Hoje em Dia



Falta apenas a promulgação, nos próximos dias, para que acabe, no Senado e na Câmara dos Deputados, o voto secreto nas sessões de cassação de parlamentares e de análise de vetos presidenciais. A proposta de emenda constitucional foi aprovada pelos senadores na noite de terça-feira, em segundo turno. O Senado excluiu do texto, aprovado em setembro pelos deputados, o fim do voto secreto também nas assembleias legislativas e câmaras municipais de todo o país.
Os senadores mantiveram, por 58 votos a quatro, o voto secreto para eleição da Mesa Diretora da Câmara e do Senado e as indicações de ministros do Supremo Tribunal Federal e do procurador-geral da República, entre outras autoridades.
O senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e pré-candidato às eleições presidenciais de 2014, lamentou o fim da votação secreta para os vetos, dizendo que esse é um instrumento de fortalecimento e defesa do Parlamento.
É de se lamentar, também, que a votação aberta para cassação de parlamentares não tenha sido estendida a todos os legislativos brasileiros. Quando os eleitores sabem como votam os deputados estaduais e os vereadores que ajudaram a eleger, estes têm mais dificuldade para se solidarizar com colegas acusados de crimes.
Em Minas, felizmente, o voto secreto não existe mais na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal da capital. Os vereadores aprovaram em julho de 2012 o fim do voto secreto nas sessões, e os deputados fizeram o mesmo um ano depois, pressionados pelas manifestações de rua.
Portanto, correm mais riscos de cassação pelo menos um deputado e um vereador. O Hoje em Dia revelou na última terça-feira que o piloto preso transportando 443 quilos de cocaína num helicóptero da Limeira Agropecuária, do deputado estadual mineiro Gustavo Perrella (SDD), era funcionário da Assembleia Legislativa, indicado pelo deputado.
A Polícia Federal desconhece se esse político, filho do senador Zezé Perrella, do PDT mineiro, sabia que seu helicóptero de R$ 3 milhões transportava a droga, avaliada em R$ 10 milhões. Ele garantiu ignorar esse fato, em entrevista, e disse que o piloto havia “roubado” o helicóptero para fazer o transporte no fim de semana. Pelo menos a acusação de furto foi desmentida no dia seguinte pelo próprio advogado do deputado.
Depois da revelação, a Assembleia Legislativa exonerou na quarta-feira o piloto. O Ministério Público abriu investigação para apurar a nomeação. Antes, já havia denunciado à Justiça o vereador Alexandre Gomes, da capital, por crime de improbidade administrativa, como revelou há dois dias o HD. Gomes é suspeito de ter usado seu gabinete para práticas sexuais. Vereador desde 1993 e ex-presidente da Câmara Municipal, sua cassação será mais fácil do que até um ano atrás, caso a Justiça o condene.



 
 

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