31/12/2013 07:25 - Atualizado em 31/12/2013 07:25
Ataques e contra-ataque
Em três anos de governo, a presidente Dilma Rousseff fez 17
pronunciamentos em rede nacional de rádio e televisão. Em dois mandatos
de Lula, foram 21. É uma forma de responder às críticas transmitidas,
diariamente, pelos mesmos veículos de comunicação de massa, aos quais se
somam os grandes jornais. A eficácia dessa estratégia dos que estão a
disputar o poder será conhecida em outubro, nas urnas eleitorais.
O último pronunciamento seria uma resposta ao editorial do maior jornal
do país em circulação, não fosse o fato de a fala de Dilma ter sido
gravada anteriormente à publicação, no último domingo, do editorial –
que sustenta: o governo, pressionado pelos próprios fracassos e pelo
descrédito internacional, rendeu-se às críticas de que sua política
econômica conduziria o país a uma crise grave.
No pronunciamento, Dilma diz que o governo teve uma ação firme: atuou
nos gastos para garantir o equilíbrio fiscal, na redução de impostos e
na diminuição da conta de luz. “Nesses últimos casos, enfrentando duras
críticas daqueles que não se preocupam com o bolso da população
brasileira”, criticou a presidente.
Ela reconheceu que sempre haverá algo por corrigir na economia para
conciliar o justo interesse da população e das classes trabalhadoras e
os interesses dos setores produtivos, mas “nada nos fará sair desse
rumo, como também nada fará mudar nosso rumo na luta em favor de mais
distribuição de renda, diminuição da desigualdade pelo fim da miséria e
em defesa das minorias”. Segundo Dilma, é muito ruim instilar a
desconfiança injustificada. “A guerra psicológica pode inibir
investimentos e retardar iniciativas”, advertiu.
O ex-ministro da Fazenda Bresser-Pereira, que escreve no Hoje em Dia,
comentou ontem, na internet, o editorial e o pronunciamento. Voltou a
defender a política macroeconômica do governo Dilma e sua política
industrial. Mas admitiu que a redução da taxa de juros e a depreciação
do real não resultaram em aumento dos investimentos e em crescimento da
economia. Na sua avaliação, a desvalorização cambial, em 20%, não foi o
bastante para tornar a indústria brasileira competitiva.
Faltou coragem ao governo para pagar o custo de curto prazo da
desvalorização, até o ponto de equilíbrio, que seria de R$ 3,00 por
dólar. Na opinião de Bresser-Pereira, a sociedade brasileira precisa
compreender que taxa de câmbio equilibrada é condição para que as
empresas invistam e o país cresça com força.
E os que acreditam que o governo foi vencido na batalha do câmbio
apreciado e dos juros altos podem estar cantando uma vitória de Pirro,
porque abre o caminho para a crise do balanço de pagamentos. “Não
acredito que a presidente Dilma Rousseff se dê por vencida. Teremos
novos rounds pela frente”, conclui o ex-ministro.
É esperar para ver.
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