Ciência
Estudo compara material ancestral com centenas de genomas modernos
Neandertais e humanos conviveram por anos
PUBLICADO EM 31/01/14 - 04h00
Já se sabia que neandertais e humanos
conviveram por milhares de anos na Europa e na Ásia e aí se acasalaram. O
que não se sabia, como sugere uma dupla de novos estudos genéticos, é
que esses dois ramos da humanidade estavam naquela altura a ponto de se
separar em duas espécies distintas.
Cada humano vivo carrega em seu genoma
individual no máximo 3% de genes neandertais. Ao comparar o DNA
ancestral com centenas de genomas modernos, porém, dois novos estudos
encontraram que algo entre 20% e 30% de sequências genéticas neandertais
sobreviveram.
Os estudos detectaram uma quase ausência de
DNA neandertal no cromossomo X, em especial de genes ativos nos
testículos. Tais genes teriam sido eliminados do genoma humano atual
porque provavelmente tornavam estéreis os descendentes machos do
cruzamento. É o tipo de incompatibilidade que acaba por separar uma
espécie em duas.
A cisão entre espécies ocorre quando duas
populações perdem a capacidade de gerar descendência fértil ao se
reproduzir. Não chegou a ser esse o caso dos dois ramos de hominídeos, o
Homo neanderthalensis e o Homo sapiens, pois o primeiro grupo se
extinguiu há cerca de 30 mil anos, antes de completar-se a separação. Os
dois grupos humanos tiveram origem na África, respectivamente há 250
mil anos e 200 mil anos, em números aproximados.
Os neandertais já estavam na Eurásia quando os H. sapiens chegaram, uns 100 mil anos atrás, e foram por estes desalojados.
Nas regiões mais ricas em sequências
neandertais, chamou a atenção uma concentração de DNA relacionado com a
produção de queratina. Essa proteína ajuda a impermeabilizar pele e
pelos, e os autores supõem que a sobrevivência do DNA neandertal tenha a
ver com características que ajudavam a enfrentar climas mais frios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário