Presidente
do Supremo repudia críticas de Lula ao mensalão; em entrevista a uma
rede de TV portuguesa, ex-presidente da República disse que julgamento
foi 80% político e 20% jurídico
Brasília
- O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa,
repudiou as críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao
julgamento do mensalão. "Lamento profundamente que um ex-presidente da
República tenha escolhido um órgão da imprensa estrangeira para
questionar a lisura do trabalho realizado pelos membros da mais alta
Corte de Justiça do País", disse.
Para o ministro, "a
desqualificação do Supremo Tribunal Federal, pilar essencial da
democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais veemente
repúdio. Essa iniciativa emite um sinal de desesperança para o cidadão
comum, já indignado com a corrupção e a impunidade, e acuado pela
violência. Os cidadãos brasileiros clamam por justiça".
Relator do
processo do mensalão, Joaquim Barbosa disse que a tramitação do
processo foi "absolutamente transparente". "Pela primeira vez na
história do tribunal, todas as partes de um processo criminal puderam
ter acesso simultaneamente aos autos, a partir de qualquer ponto do
território nacional uma vez que toda a documentação fora digitalizada e
estava disponível na rede."
O ministro acrescentou que as cerca de
60 sessões consumidas com o julgamento foram públicas, com transmissão
ao vivo pela TV Justiça. "Os advogados dos réus acompanharam, desde o
primeiro dia, todos os passos do andamento do processo e puderam
requerer todas as diligências e provas indispensáveis ao exercício do
direito de defesa."
Joaquim Barbosa disse ainda que todos os réus e
o Ministério Público puderam indicar testemunhas. "Foram indicadas, no
total, cerca de 600." O presidente do STF afirmou que a acusação e a
defesa tiveram mais de quatro anos para trazer ao STF as provas de seus
interesses. "Além da prova testemunhal, foram feitas inúmeras perícias,
muitas delas realizadas por órgãos e entidades situadas na esfera de
mando e influência do presidente da República, tais como Banco Central
do Brasil, Banco do Brasil, Polícia Federal, Coaf."
"Portanto, o
juízo de valor emitido pelo ex-chefe de Estado não encontra qualquer
respaldo na realidade e revela pura e simplesmente sua dificuldade de
compreender o extraordinário papel reservado a um Judiciário
independente em uma democracia verdadeiramente digna desse nome."
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