terça-feira, 15 de abril de 2014

Inflação alta deve pressionar negociações salariais de 2014

Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o parâmetro oficial do custo de vida no país, deve bater meta do teto da inflação já em maio, período de negociações salariais de grandes sindicatos nacionais
Deco Bancillon - Correio Braziliense
Bárbara Nascimento
Publicação: 15/04/2014 06:00 Atualização: 15/04/2014 07:09
O temor quanto a uma disparada ainda maior da inflação nos próximos meses deverá elevar a pressão de sindicatos de trabalhadores por reajustes salariais às vésperas das eleições presidenciais de outubro. As estimativas do mercado financeiro são de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o parâmetro oficial do custo de vida no país, rompa o teto da meta de inflação de 6,5% ao ano já a partir de maio e permaneça nesse patamar até dezembro. Coincidentemente, esse será o período em que categorias com histórico de grandes paralisações nacionais, como bancários, metalúrgicos e petroleiros, tentarão buscar recomposição salarial junto aos patrões.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese) levantou as datas-base de negociação de 710 categorias espalhadas por todo o país. A maior parte das negociações está programada para ocorrer entre maio e dezembro, quando 451 sindicatos planejam se reunir com ospatrões. Em setembro, a um mês das eleições, 74 entidades devem se reunir com os empregadores para tentar chegar a um acordo por melhores salários. Entre elas, a que representa mais de 512 mil bancários de todo o país já marcou até data para a negociação: 1º de setembro. Em 2013, a categoria cruzou os braços por 23 dias e conseguiu reajuste de 1,82% acima da inflação.
Na mesa de negociações estarão os números da inflação. Nos últimos quatro anos, o IPCA ficou sempre acima do centro da meta de 4,5% ao ano, tendo ultrapassado os 6% na maior parte desse período. “Sempre reivindicamos a reposição integral da inflação e faremos o mesmo neste ano”, avisou o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes. A categoria tem data-base marcada para 1º de setembro, assim como os metalúrgicos e os ferroviários.

Todos estarão de olho nos números da inflação que será divulgada até agosto, que tende a ser maior por causa também dos jogos da Copa do Mundo, em junho. “A inflação já estava bem elevada mesmo antes desse choque de alimentos. A diferença é que o governo já não tinha mais margem alguma para absorver essa pressão temporária, o que fez os preços fugirem do controle do Banco Central”, disse o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa.
FOCUS
As apostas dos analistas de bancos e corretoras consultados pelo Banco Central (BC) na pesquisa semanal Focus são de que o IPCA encerre o ano em 6,47% – a maior inflação registrada desde os 6,5% de 2011, justamente o primeiro ano do governo Dilma Rousseff. Pior do que o número em si é a trajetória de alta da inflação. Há seis semanas consecutivas que as projeções para a alta de preços só pioram, apesar do ciclo de aperto nos juros básicos implementado desde abril de 2013.
São esses números que deverão engordar a pauta de reivindicações dos trabalhadores, na opinião do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Antônio Ferreira de Barros. “É o momento de politizar as campanhas e de cobrar as pautas que estão paradas nas mãos do governo”, disse.

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