sexta-feira, 30 de maio de 2014

PM fica atenta para presença dos rivais ingleses e argentinos em Belo Horizonte


Seleções jogam na cidade em um intervalo de apenas 3 dias

Mateus Parreiras
Daniel Camargos - Estado de Minas
Publicação: 30/05/2014 06:00 Atualização: 30/05/2014 07:19
Para o jogo contra o Irã, em 21 de junho, em Belo Horizonte, 11 mil argentinos já compraram ingressos. Sete mil e quinhentos ingleses também garantiram entradas para a partida contra a Costa Rica, no dia 24. O grande número de torcedores e o pequeno intervalo entre os dois jogos alerta a polícia, que não deve ter o trabalho facilitado pelo comportamento dos torcedores. A advogada Débora Hambo, das Hinchadas Unidas Argentinas (HUA), entidade que representa os barras bravas, já deu declarações que pode haver confrontos entre torcedores argentinos e ingleses. Quando questionada sobre a possibilidade, ela repassou o recado de um dos líderes dos barras bravas: “Os argentinos têm memória e não há esquecimento nem perdão: sempre vamos nos lembrar o que aconteceu em 1982”, disse, em referência à Guerra das Malvinas, quando a Inglaterra derrotou a Argentina na disputa pelas ilhas, situadas próximo à costa do país sul-americano.

O cenário fica mais tenso diante da informação de que a Máfia Azul, torcida organizada do Cruzeiro, que está proibida de frequentar estádios por decisão do Ministério Público, anuncia que receberá cerca de 30 argentinos torcedores do San Lorenzo, durante a Copa do Mundo. “Alugamos um sítio para eles ficarem. Temos essa afinidade com o pessoal do San Lorenzo há uns oito anos mais ou menos”, disse o presidente da Máfia Azul, Carlos Roberto de Souza, que não revelou a localização da propriedade. Além dos torcedores que já garantiram a viagem para o Brasil, na Argentina são frequentes as notícias de protestos de barras bravas, cobrando da associação de futebol do país a liberação de mais ingressos para a Copa.
O tenente-coronel Alberto Luiz, do setor de Comunicação da PM mineira, diz que será feita uma reunião com representantes das torcidas organizadas e que eles serão avisados de que, caso os integrantes participem de confusões durante a Copa os líderes serão responsabilizados.

A estratégia das forças policiais será de acompanhamento dos torcedores com histórico de violência e vandalismo. “Com a presença de policiais, vamos fazê-los ter certeza de que estão sendo vigiados de perto, para que não se sintam à vontade para criar problemas ou tentar agredir outras pessoas. O acompanhamento dos grupos será feito por meio das câmeras de monitoramento espalhadas pela cidade e de ações de inteligência, nos casos mais sensíveis”, detalha o coordenador do Núcleo de Operações e Inteligência da Secretaria Estadual de Turismo e Esportes, coronel Wilson Chagas Cardoso.

No início do ano passado, a equipe de segurança do Comitê Organizador Local da Copa (COL) identificou barras bravas e hooligans marcando brigas para o período da Copa. Na época, a gerente de Cenários e Riscos do COL, Mônica Lacerda, disse: “A gente acompanha pelas mídias sociais. Eles estão insuflando esse encontro aqui. Fizeram isso no mundo inteiro, já demonstramos nossa preocupação para o governo”.

De acordo com o coronel Wilson Chagas Cardoso, as informações sobre os torcedores argentinos ainda não foram enviadas, mas o coordenador não considera que seja por má vontade do país vizinho. “As autoridades argentinas estão muito solícitas”, considera. Contudo, advogados de torcedores visados conseguiram barrar na Justiça local o envio dessas informações até a última segunda-feira, quando a liminar que haviam conseguido foi cassada. Na falta desse material, o delegado da Polícia Federal Alexandre Leão afirmou que as forças de segurança brasileiras estão trabalhando com outras informações, obtidas por meio de uma estrutura na Embaixada do Brasil em Buenos Aires.

Uma guerra, muitas batalhas

A rivalidade entre argentinos e ingleses vai além do futebol. O ápice foi durante a Guerra das Malvinas (ou Ilhas Falklands, como os ingleses preferem), em 1982, quando os dois países se enfrentaram na disputa pelo arquipélago. O Reino Unido venceu a disputa e recuperou o domínio do território, fortalecendo Margaret Thatcher, que foi reeleita no ano seguinte. Já os militares que governavam a Argentina perderam força e deixaram o poder, também em 1983.

Na Copa de 1986, no México, as equipes se enfrentaram e os hermanos venceram por 2 a 1, com dois gols de Maradona que entraram para a história das copas: o primeiro foi com a mão (“la mano de Dios”, como definiu o argentino); o segundo é, talvez, o mais bonito da história do torneio, quando o craque arrancou do seu campo e driblou seis ingleses antes de deslocar o goleiro e marcar, levando a equipe à final, quando se sagrou campeã. As duas seleções também se enfrentaram em 1998, na França, e os argentinos venceram na disputa de pênaltis, após empate em 2 a 2. Na Copa de 2002, em partida disputada no Japão, os ingleses venceram por 1 a 0, gol de Beckham.    

Nenhum comentário: