segunda-feira, 30 de junho de 2014

Baixas temperaturas: frio, um risco a mais para o coração

30/06/2014 08:41 - Atualizado em 30/06/2014 08:41

Ana Paula Lima - Hoje em Dia



Eugênio Moraes/Hoje em Dia
Frio, um risco a mais para o coração
Atividades físicas pelo menos três vezes por semana ajudam a evitar problemas cardíacos
Uma reação normal do organismo diante de temperaturas mais baixas ameaça a saúde do coração. O frio faz vasos e artérias se contraírem, reduzindo a passagem do sangue e aumentando as chances de infarto. Os casos chegam a ser 30% mais frequentes no inverno.
O alerta vale para idosos, diabéticos e quem tem um ou mais fatores de risco, como obesidade, sedentarismo, hipertensão, triglicérides alto ou tabagismo.
Mas mudanças comportamentais típicas nesta estação do ano também jogam contra o bom funcionamento do corpo. “No inverno, as pessoas comem mais. Aumenta o sal no organismo, o que pode interferir na pressão arterial”, diz o cardiologista Cesar Jardim. Sem falar que, muitas vezes, a opção é por alimentos calóricos, levando ao acúmulo de gordura nos “canais” por onde o sangue passa.
Na lista dos maus hábitos do inverno estão, ainda, a preguiça de praticar exercícios físicos – que melhoram a disposição e aquecem órgãos e tecidos – e submeter-se a variações bruscas de temperatura, saindo de locais quentes para ambientes gelados.
Aperto
Na prática, a redução do diâmetro das artérias coronárias diminui ou até interrompe a irrigação, a nutrição e a oxigenação do coração, que dependem do fluxo sanguíneo que chega ao órgão. “Sem sangue e oxigênio na quantidade adequada, parte do músculo cardíaco e da região pode entrar em sofrimento, muitas vezes com necrose da área”, explica o médico. É o infarto.
O perigo ronda homens e cada vez mais as mulheres. Quarenta anos atrás, para cada vítima do sexo feminino, havia cem do masculino. Agora, a proporção é de um para três.“As mulheres, hoje, trabalham, se estressam, se alimentam mal e fumam como os homens”, diz Cesar, chefe do Clinic Check-Up do Hospital do Coração, em São Paulo.
Mesmo assim, o risco para elas e até o socorro são, muitas vezes, subestimados. Em parte porque o infarto evolui de forma atípica no sexo feminino, podendo causar dor na mandíbula e nas costas, náuseas, vômito, suor frio e falta de ar, além de um cansaço físico exagerado.
Esses sintomas também são típicos em idosos e diabéticos. Nos homens, os mais comuns são dor no peito e no braço esquerdo. No caso de suspeita de infarto, a pessoa deve ser levada imediatamente ao hospital para fazer eletrocardiograma e exame de sangue.

Para não remediar
Levar uma vida saudável, com alimentação com pouco sal e gordura, praticar atividades físicas pelo menos três vezes por semana e fazer um check-up o quanto antes quando pai, mãe ou irmãos sofreram infarto são formas de prevenir o problema. “À exceção da hereditariedade, todos os fatores de risco são modificáveis. Pensar que não sentir nada significa estar bem é um erro”, adverte o médico.
Atenção especial às extremidades do corpo
Cuidados para evitar a má-circulação sanguínea são fundamentais no inverno. O objetivo é prevenir doenças circulatórias, algumas graves, como a trombose venosa. A origem dos problemas também está associada, dentre outros fatores, à contração dos vasos por onde o sangue passa, o que dificulta a irrigação dos órgãos e tecidos. Quanto mais longe do coração, pior, e esse é um dos motivos de extremidades como as pontas dos dedos das mãos e a sola dos pés serem tão afetados.
Os sintomas da má-circulação incluem a queda da temperatura dessas partes do corpo, que podem ficar geladas, inchaço do membro, pela dificuldade de retorno venoso, e dor. Em situações extremas, mais frequentes em quem é diabético ou tem fatores de risco, como o tabagismo, o quadro pode progredir para lesão, isquemia e até gangrena, com necessidade de amputação.
Trombose
Fatores externos aumentam muito a chance de a pessoa ser acometida por trombose venosa. Nas mulheres, por exemplo, que já são mais vulneráveis por questões hormonais, o uso de anticoncepcional eleva o risco em oito vezes. Se fumar, em 16. Se fizer as duas coisas, em 45 vezes.
“Há quem só procure um especialista por questões estéticas. No inverno, como está com o corpo coberto, essa pessoa ignora sintomas e a possibilidade de ajuda. É preciso mudar isso. Hoje, a busca é pelo tratamento preventivo”, ensina o médico Fernando Bacalhau, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular.
Glaucoma, herança da automedicação
O uso indiscriminado de remédios contra doenças respiratórias comuns no inverno ameaça a visão. Consumidos por contra própria ou por tempo superior ao prescrito, podem causar efeitos colaterais que vão do olho seco ao glaucoma e à catarata. “Não existe medicamento inofensivo”, avisa o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, em Campinas.
O princípio ativo de determinados descongestionantes nasais, por exemplo, pode levar à dilatação da pupila, aumentando a chance de pessoas com predisposição ao glaucoma desenvolverem a doença.
O mesmo acontece após o uso contínuo de corticoide para tratar quem está com gripe, asma, rinite ou alergias severas. Nesse caso, outra consequência pode ser o surgimento da catarata – que deixa o cristalino do olho opaco e causa cegueira, só revertida com cirurgia. Até antitérmicos e analgésicos, “queridinhos” de boa parte dos brasileiros, escondem riscos.
Em determinadas situações, se determinada droga for indispensável, o paciente deve receber acompanhamento de um oftalmologista.
Secura
A chegada do inverno também pode afetar a visão devido à menor umidade relativa do ar, que contribui para o olho seco. “A lágrima é um mecanismo de defesa do olho. Se está em pequena quantidade ou tem qualidade ruim, a pessoa fica mais suscetível a pegar uma conjuntivite”, cita o médico.
 

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